Vozes de mulheres : educação, universidade e trabalho nos anos 40 e 50 do Século XX

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Este trabalho investiga como se desenvolveu a trajetória profissional de mulheres que passaram pela universidade nas décadas de 40 e 50 do século XX, pela escuta de suas memórias sobre suas trajetórias educativas, profissionais e familiares. Objetiva escutar a história da relação entre as possibilidades de acesso ao ensino superior e profissionalização para mulheres, na década de 1950, em Porto Alegre, seu significado como instituidor de identidade, limites e abrangências tendo em vista trajetórias profissionais e de vida de algumas mulheres - o que inclui o casamento como marco fundamental porque definidor de possibilidades e trajetórias e o significado social atribuído ao diploma profissional, dado por elas mesmas e pela sociedade onde se inserem, ou seja, um determinado tempo, um certo lugar e pelas pessoas com quem viveram e conviveram. Foram realizadas 22 entrevistas com mulheres hoje na faixa dos 70 ou 80 anos que narraram suas memórias sobre suas escolhas profissionais e estratégias de vida. Foi utilizada a história Oral e entrevistas semi estruturadas em seguida transcritas. Durante as entrevistas foi possível identificar justificativas para as escolhas pessoais dessas mulheres - tanto num sentido como em outro, a fim de colocá-las ou mantê-las em um patamar já estruturado pelas disposições constitutivas do habitus de classe e gênero de que são portadoras, representantes e defensoras em consonância às suas condições objetivas, engendrando quase um outro lugar, mas ainda permanecendo o mesmo. Uma condição de classe apenas falsamente identificada como inovadora ou inédita. As mudanças em curso não modificaram as posições das mulheres nas relações de gênero, pois a subordinação em relação ao homem se manteve, mesmo portadoras de diploma de educação superior, o que possibilitaria o acesso de algumas mulheres ao trabalho e, conseqüentemente, à situações e formas próprias de alcançar dinheiro, o que poderia significar liberdade, independência e autonomia, elas optaram por manter a tradição quanto aos papéis e lugares de gênero na família. A permanência em posições e lugares de marginalidade nas relações de gênero, apesar das possibilidades econômicas construídas pelo título, mostra que este não assegurava, por si só, o cumprimento dessas mudanças.

ASSUNTO(S)

história da educação história oral memória gênero

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