Loucos nas ruas: um estudo sobre o atendimento à populaÃÃo de rua adulta em sofrimento psÃquico na cidade do Recife
AUTOR(ES)
Cintia Maria da Cunha Albuquerque
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
A concretizaÃÃo deste trabalho sà foi possÃvel devido à existÃncia de tantas histÃrias de vida marcadas pelo estigma da loucura e pela condiÃÃo de vivenciÃ-la nas ruas da cidade do Recife. à pela preocupaÃÃo e cuidado com essas histÃrias que este trabalho se justifica e ganha sentido, propondo-se a refletir sobre a temÃtica do direito e acesso à saÃde da populaÃÃo de rua em sofrimento mental. Mais especificamente, buscando compreender como os serviÃos de assistÃncia social e saÃde mental estÃo acolhendo a demanda de sofrimento psÃquico que acomete pessoas adultas que moram nas ruas da nossa cidade. Ao trabalhar com PopulaÃÃo de Rua colocamos em cheque muitos dos conceitos imprescindÃveis para o funcionamento ânormalâ e âcorretoâ dos serviÃos, pois historicamente as contingÃncias e realidades desta populaÃÃo nÃo vÃm sendo levadas em consideraÃÃo. Para alcanÃar tais objetivos, foram escutadas diversas vozes e versÃes sobre trÃs histÃrias de vida de pessoas em sofrimento psÃquico que vivem nas ruas da cidade do Recife. Narrativas apresentadas por familiares, profissionais, exvizinhos foram ouvidas e refletidas, na tentativa de entender o percurso desde o inÃcio do sofrimento, a ida para as ruas e as alternativas construÃdas para a âresoluÃÃoâ de cada caso. Procurei compreender os diversos posicionamentos e as diferentes versÃes das pessoas envolvidas em cada caso escolhido, buscando entendÃ-los nos endereÃamentos do diÃlogo. Na narrativa dos familiares, procurei as explicaÃÃes e sinais para o inÃcio do sofrimento psÃquico de cada usuÃrio, bem como os motivos que os levaram a sair de casa e se distanciarem de suas famÃlias; com os profissionais do SESR, as entrevistas tiveram como foco a situaÃÃo encontrada no primeiro atendimento na rua e os caminhos percorridos junto a cada usuÃrio no seu processo de atendimento; com os profissionais dos Caps e das Casas de Acolhida do Iasc, quis saber como cada usuÃrio chegou e foi acolhido naquele serviÃo, qual a avaliaÃÃo feita de cada histÃria de vida e que encaminhamentos foram construÃdos para solucionar cada caso. Dessa forma, foram escutadas diversas versÃes e opiniÃes sobre as referidas histÃrias, o que permitiu a construÃÃo de uma outra versÃo para anÃlise, que serà aqui apresentada. Essa, trouxe um leque de possibilidades e questionamentos sobre o cuidado em saÃde mental oferecido à populaÃÃo em situaÃÃo de rua na nossa cidade. Algumas questÃes saltaram aos olhos, que foram: a transferÃncia da responsabilidade pelo cuidado do Estado para a famÃlia; a exigÃncia de ter que sair das ruas, possuir referÃncia familiar e domiciliar para iniciar o tratamento em saÃde mental; e, por fim, a (im)possibilidade de compartilhamento da responsabilidade pelos moradores de rua pelas polÃticas de SaÃde e AssistÃncia Social da nossa cidade. Para que o atendimento oferecido à populaÃÃo de rua em sofrimento mental em Recife consiga ser efetivado de forma tal que respeite as especificidades dessas pessoas, parece necessÃrio que ocorra o estranhamento dos profissionais e serviÃos frente Ãs condiÃÃes dessas pessoas que vivem nas ruas, ocasionando a desnaturalizaÃÃo de conceitos e prÃ-requisitos jà estabelecidos, pois sà assim serà possÃvel a invenÃÃo de novas e diferentes formas de atenÃÃo e cuidado para com a PopulaÃÃo de Rua. Por fim, defendo que o respeito Ãs diferenÃas e a garantia universal e integral de proteÃÃo social, tÃo presentes nos discursos e nas leis vigentes em nosso paÃs, precisam ser ampliados para qualquer grupo social, mesmo que ele desorganize e se contraponha Ãs nossas certezas e convicÃÃes sobre a melhor forma de estar no mundo
ASSUNTO(S)
loucura psicologia populaÃÃo de rua street population saÃde mental mental health madness
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