Linguagem, cognição e cultura: apontamentos para a elaboração de uma teoria sobre as relações entre a oralidade e a escrita

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Este trabalho teve como objetivo principal analisar o modelo sócio-histórico de explicação das relações entre linguagem oral e escrita. Privilegiou-se a discussão da linguagem oral e escrita como instrumentos mediadores da ação humana, e sua relação com os aspectos culturais e cognitivos, enfatizando a perspectiva de descontextualização na formação dos conceitos abstratos. No primeiro capítulo procurou-se remontar alguns aspectos do contexto dialógico que serviu de contraponto para a elaboração dos conceitos de cultura, linguagem e cognição, ressaltando as principais idéias da escola evolucionista inglesa de Antropologia, da escola francesa de Sociologia e Antropologia, com especial atenção para Durkheim e Lévy-Bruhl. No campo de estudos da linguagem ressaltou-se as contribuições de Humboldt e de Saussure. No segundo capítulo procurou-se abordar a teoria sócio-histórica, enfatizando o método genético, e a função da linguagem oral e escrita na formação dos processos psíquicos superiores. No terceiro capítulo abordou-se a contribuição da antropologia contemporânea na análise das culturas tradicionais e dos impactos culturais e cognitivos da introdução da escrita, ressaltando o confronto entre as idéias de Lévi-Strauss, Jack Goody e Brian Street, além dos estudiosos da cultura clássica Eric Havelock e W. J. Ong. No quarto capítulo foram abordadas as contribuições de autores da PsicologIa que enfrentaram diretamente a tarefa de elaborar teoricamente a relação entre linguagem oral e escrita do ponto de vista cognitivo e cultural, criando soluções distintas para os problemas colocados pela perspectiva sócio-histórica. O confronto das teorias contemporâneas no campo da Psicologia e Antropologia acentuou a riqueza heuristica da proposição original do modelo sócio-histórico, bem como a necessidade de considerar o lugar da linguagem oral na conformação de formas simbólicas abstratas presentes nas culturas tradicionais, sem a presença da escrita. No campo da Psicologia enfatizou-se a emergência de posições distintas a respeito da análise das conseqüências cognitivas do uso da escrita. De um lado, afirma-se que a introdução da escrita foi responsável pela transformação radical dos processos de construção e transmissão do conhecimento. De outro, afirma-se que a influência da escrita nos aspectos cognitivos é restrita e depende das atividades nas quais este instrumento está sendo utilizado. Acentuou-se também a necessidade de ampliar o quadro teórico de análise e considerar os aspectos sociais e ideológicos mais amplos que definem as relações entre linguagem e a cultura tanto em seus aspectos particulares quanto universais

ASSUNTO(S)

linguagem escrita psicologia educacional oralidade comunicacao escrita leitura escrita psicologia da educacao

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