Leituras de Medeia: o mito e o lastro cultural

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

14/02/2012

RESUMO

Se o texto clÃssico à equivalente do universo e ressoa como pano de fundo no inconsciente coletivo, como afirma Ãtalo Calvino (2002), à por meio dos processos de releitura, por meio da intertextualidade, que este se reavivarà ao longo do tempo. O trabalho intertextual, todavia, conforme aponta Laurent Jenny (1979), pode revelar-se tanto na âreativaÃÃo dos sentidosâ da obra primeira como mostrar-se na renÃncia ou desconstruÃÃo do discurso anteposto. Partindo, pois, da dialÃtica entre presente e passado, contemporÃneo e antigo, observando na linguagem artÃstica potencial de resgate consciente de um discurso passado, tomado como âverdadeâ (ou nÃo), e a possibilidade da reconstruÃÃo de sentidos e elaboraÃÃo de ânovasâ estÃticas, este trabalho objetiva desenvolver um estudo, de carÃter comparativo e interpretativo, a partir de um conjunto de obras literÃrias, dramatÃrgicas e artÃsticas, produzidas em diferentes contextos histÃricos, que dialogam com o mito grego de Medeia. Interessa aqui observar e interpretar como, no processo mimÃtico e consoante o lastro cultural, os mÃmemas realizam a transposiÃÃo do mito; desenvolver um trabalho de pensar se houve ou hà um efeito diferencial no processo da transposiÃÃo de linguagem que capta um conteÃdo, uma forma do mito; verificar em que medida conteÃdo e forma estÃtica se mantÃm e quais obras apresentam a ruptura com a sÃrie narrativa em torno do mito de Medeia. Nesta perspectiva, pretende-se refletir sobre o modo como os artistas, escritores e dramaturgos se reapropriaram esteticamente de obras do passado para realizar a problematizaÃÃo do presente ou de sua temporalidade histÃrica, a partir de novas criaÃÃes artÃsticas que partem do mito de Medeia. Nesse sentido, a pesquisa parte da narrativa mÃtica dos Argonautas para prosseguir com leituras dos clÃssicos: Medeia (431 a.C.), de EurÃpides, Medeia (s/d), de SÃneca, MÃdÃe (1635), de Pierre Corneille. Essas narrativas sÃo, aqui, colocadas em diÃlogo com um recorte de imagens, percorrendo um lastro cultural de representaÃÃes pictogrÃficas do mito de Medeia, Ãs quais se adicionam as narrativas fÃlmicas Medea (1969), de Pier Paolo Pasolini, e Medea (1988), de Lars Von Trier. Em uma perspectiva dialÃgica com o tema e o mito de Medeia, foram selecionados os textos da dramaturgia brasileira Gota dâÃgua (1975), de Chico Buarque e Paulo Pontes, e Des-medeia (1995), de Denise Stoklos, que tambÃm fazem parte do corpus da pesquisa, a fim de verificar como o mito à representado no contexto contemporÃneo brasileiro, mais especificamente como o lastro referencial à lido pelos sujeitos escritores Chico Buarque, Paulo Pontes e Denise Stoklos, representantes de uma coletividade, da qual faz parte o escritor e o dramaturgo como intelectual.

ASSUNTO(S)

letras cultural ballast mito de medeia estudos comparados lastro cultural myth of medea comparative studies

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