Investigação dos processos de aprendizagem : contribuições para uma intervenção pedagógica no âmbito das relações sociais

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A avaliação diagnóstica realizada a partir de instrumentos estandardizados tem fortalecido a concepção mecanicista e organicista do desenvolvimento humano contribuindo para justificar fracassos e êxitos como mérito do próprio aluno, dando margem a posições preconceituosas em relação àquilo que se manifesta como diverso. Essa realidade tem sido alvo de intensificadas críticas e apontada por diversos estudiosos como uma situação a ser superada. Dessa constatação, a presente pesquisa se edificou no objetivo de identificar de que forma o professor investiga o processo de aprendizagem de seus alunos, bem como se ele considera os aspectos subjetivos nessa investigação. Para isso, pensou-se como importante, a identificação das concepções que as professoras têm a respeito da avaliação, a verificação da forma pela qual o diagnóstico psicopedagógico subsidiava a sua prática pedagógica e a investigação de como o especialista poderia se constituir em colaborador ao professor. Para isso, esse trabalho foi apoiado na perspectiva histórico-cultural do desenvolvimento, na qual as relações sociais e a consideração da singularidade e complexidade do sujeito se constituem como elementoschave na busca pela compreensão da subjetivação do processo de aprendizagem. Das análises interpretativas construídas na pesquisa de campo, pôde-se apreender que o diagnóstico psicopedagógico não oferece informações que possam servir à promoção de ações que garantam o desenvolvimento dos alunos, ao contrário, além de aproximar o professor de uma concepção fatalista de desenvolvimento, termina por justificar o não exercício de sua autonomia na ação pedagógica, ficando, na maioria das vezes, na dependência da intervenção de um especialista. Sobre a avaliação, as professoras consideraram que esta deveria ser um procedimento amplo, contínuo e variável de modo que os resultados pudessem lhe servir ao direcionamento de sua prática pedagógica. Entretanto, o processo avaliativo era empregado mais com fins de verificação dos conteúdos trabalhados de forma a apoiar suas decisões sobre o aluno. Pôde-se verificar, de outra forma que, a consideração da singularidade pode sim favorecer a oportunização de um espaço dialógico e relacional entre professora e alunos, no qual todos se sintam livres e confiantes para posicionarem-se ante o objeto de conhecimento. Essa situação poderia oferecer aos professores informações significativas a serem empregadas na criação de estratégias pedagógicas favorecedoras da significação do conteúdo pelo aluno. Com isso, ficou evidenciada a importância da consideração dos processos relacionais e comunicativos na compreensão dos processos de aprendizagem dos alunos e na elaboração de estratégias interventivas favorecedoras da aprendizagem. Desses resultados, encontrou-se o espaço para a reflexão sobre a necessidade de mudanças no diagnóstico psicopedagógico, em que este procedimento perca o caráter clinico a que está submetido e dê espaço a um processo investigativo no qual o professor ocupe o lugar central, tornando-se o principal ator na investigação e identificação dos processos de pensamento, aprendizagem e desenvolvimento de seu aluno.

ASSUNTO(S)

singularidade relações sociais educacao diagnóstico psicopedagógico subjectivity learning psycho diagnosis aprendizagem

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