Inclusão e aprendizagem do aluno com deficiência mental: expectativas dos professores

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Esta pesquisa trata de questões advindas da Educação Especial e permeia um contexto ampliado de educação, mundo e sociedade. Tem por objetivo analisar as expectativas manifestadas pelos professores da sala comum e do atendimento educacional especializado da rede pública municipal de Uberlândia/MG que possuem alunos com deficiência mental (DM), em relação à aprendizagem do saber escolar e à inclusão desses alunos na escola regular. Para atender ao objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa de campo de caráter analítico-crítico. Foram aplicados questionários contendo questões abertas, fechadas e mistas aos professores participantes do estudo. Foram analisados 76 questionários de professores da sala comum (PSC) e 55 questionários de professores do atendimento educacional especializado (PAEE), o que corresponde a respectivamente 36,01% e 67,90% da população total. Para a análise dos dados verificou-se o percentual das respostas apresentadas pelos respondentes, bem como se analisou o conteúdo nelas expresso. Para análise estatística utilizou-se o teste Qui Quadrado (X2) para proporções esperadas desiguais entre as diferentes populações pesquisadas (PAEE e PSC) e o teste Qui Quadrado (X2) para proporções esperadas iguais entre as mesmas populações. Para a análise dos dados foram agrupadas as respostas a partir da predefinição de categorias de análise, e a interpretação qualitativa dos dados coletados foi feita utilizando-se a lógica de afastamento e aproximação ao objeto de estudo por meio da análise hermenêutica-dialética da realidade. Os principais resultados apontam que a expectativa dos professores é que os alunos com DM se socializem e também aprendam o saber escolar; os professores concordam que esses educandos sejam incluídos na sala comum desde que haja tanto mudanças estruturais e econômicas quanto de natureza comportamental, especialmente políticas. Além disso, prevaleceu de forma hegemônica, para os dois grupos de professores, que a função social da escola é propiciar o saber sistematizado, formando o cidadão consciente, crítico, autônomo, agente de transformações necessárias para que haja um mundo melhor, mais justo e igualitário. À guisa de conclusão, pode-se afirmar que, as funções atribuídas à escola e as expectativas dos professores ainda são incompatíveis com a prática da educação pública vigente, uma vez que as escolas continuam estruturadas num tipo de modelo organizacional que pretende tratar a todos como iguais. Mas, diante da falta objetiva de estrutura e recursos materiais, associada à falta de ampliação e incorporação, de fato, da reflexão científica e político-social sobre a natureza da Inclusão, faltam condições efetivas para que esta se concretize como prática político-pedagógica cotidiana na realidade escolar. Somente a partir de uma ressignificação da concepção de educação nas escolas públicas e, conseqüentemente, da construção de bases necessárias à transformação da atual organização escolar, no que se refere à estrutura de funcionamento, ao conhecimento, ao tempo e ao espaço escolar, será possível avançar e atender as expectativas dos professores em relação ao aluno com deficiência mental e à adoção de uma política pública, efetivamente, inclusiva.

ASSUNTO(S)

educacao especial educação especial deficiência mental aprendizagem inclusão escolar

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