Homens e a contracepÃÃo : prÃticas, idÃias e valores masculinos na periferia do Recife

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O propÃsito deste trabalho à a reflexÃo sobre as interaÃÃes entre sexualidade, reproduÃÃo e saÃde a partir da relaÃÃo que homens de grupos populares da periferia do Recife estabelecem com a contracepÃÃo. Focaliza as prÃticas masculinas como fontes de informaÃÃes acerca das idÃias e valores ligados Ãs formas de evitar filhos, bem como ao conhecimento e uso de contraceptivos. Discute se os homens efetivamente participam da contracepÃÃo e se esta participaÃÃo contribui para a construÃÃo de relaÃÃes de gÃnero mais igualitÃrias. Como foco de estudo importante para as relaÃÃes de gÃnero, a contracepÃÃo identifica diferenÃas no comportamento sexual e reprodutivo masculino e feminino, realÃando relaÃÃes de poder e trazendo à tona suas expectativas dominantes. A anÃlise de dados usa o referencial conceitual de gÃnero e a teoria da prÃtica na interface com os estudos de famÃlias populares, saÃde reprodutiva e sexualidade. A pesquisa, realizada em duas comunidades, à quantitativa e qualitativa. Foram pesquisados 141 homens de 18 a 35 anos de idade, para realÃar aspectos ligados à formaÃÃo e manutenÃÃo da famÃlia de procriaÃÃo. O questionÃrio mapeou os arranjos domiciliares, prÃticas sexuais, situaÃÃo conjugal, existÃncia de filhos, conhecimento e prÃticas contraceptivas e de prevenÃÃo de doenÃas sexualmente transmissÃveis. Vinte e quatro homens, entre os 141 que responderam aos questionÃrios, foram entrevistados para evidenciar as prÃticas relacionadas à contracepÃÃo dentro das suas trajetÃrias, bem como as idÃias e valores relacionados a tais prÃticas. Foram encontradas trÃs formas de participaÃÃo masculinas: a responsabilizaÃÃo da mulher pela prÃtica contraceptiva, acompanhada por maior preocupaÃÃo masculina em relaÃÃo à prevenÃÃo de doenÃas sexualmente transmissÃveis; o envolvimento a partir do casamento ou do nascimento dos filhos; o envolvimento, desde o inÃcio da vida sexual, por temor da paternidade ou por considerar a contracepÃÃo como parte integrante do envolvimento com a parceira. Para alguns homens entrevistados, o uso de mÃtodos de contracepÃÃo està associado aos temores que eles possuem em relaÃÃo à possibilidade de ser pai, ao medo de engravidar a parceira e assim aumentar o seu compromisso e a responsabilidade como provedor. Outros lidam com o problema de falta de adaptaÃÃo da parceira à pÃlula ou a injeÃÃo anticoncepcional, e ao temor de contrair uma doenÃa sexualmente transmissÃvel, resultando no uso do condom. Em grande medida, nÃo à visto como uma questÃo pertinente aos homens, mesmo quando consideram a contracepÃÃo como responsabilidade do casal. A diversidade e ambigÃidade dos comportamentos masculinos trazem consigo algumas semelhanÃas observadas, com diferentes intensidades. Trata-se de idÃias e valores que os homens possuem acerca da mulher (exemplificado na classificaÃÃo daquelas ideais para o namoro e o casamento e das que se destinam apenas ao prazer sexual); das formas de controle masculino (como as conversas sobre sexo e mulheres com amigos); do uso dos mÃtodos masculinos (coito interrompido e condom) mais praticados pelos solteiros e/ou nas relaÃÃes eventuais; aos mÃtodos femininos (pÃlula, injeÃÃo e ligaÃÃo de trompas) mais praticados pela companheira dos casados e ao silenciamento em relaÃÃo ao aborto. Assim, os homens estÃo presentes na contracepÃÃo participando ou nÃo do uso dos mÃtodos. Essa presenÃa combina a ausÃncia e a participaÃÃo dos homens na contracepÃÃo como forma de garantir um maior controle masculino. ParticipaÃÃo e autocontrole na contracepÃÃo reforÃam liberdades masculinas e podem significar ou nÃo uma promoÃÃo de relaÃÃes mais equÃnimes entre os parceiros sexuais

ASSUNTO(S)

gÃnero contracepÃÃo reproductive health homens sociologia masculinity gender contraception saÃde reprodutiva masculinidade men

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