Herdeiros da escola: trajetórias sociais de egressos do Colégio Catarinense (1951-1960) / Heirs of the school:social trajectories of graduates of the College of Santa Catarina (1951-1960)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

24/02/2012

RESUMO

A presente pesquisa possui como objetivo analisar as trajetórias sociais de egressos do Colégio Catarinense que concluíram o curso colegial nesta instituição entre os anos de 1951 e 1960. Este estudo sobre as trajetórias possui três principais aspectos, quais sejam: as origens sócio-familiares, os percursos escolares e as carreiras profissionais. No período selecionado para esta pesquisa, constatou-se, pela análise dos dados verificados, que no Colégio Catarinense havia alunos admitidos por meio de bolsas de estudo e que diferiam dos alunos pagantes em relação às condições econômicas e sociais. Buscou-se compreender as diferenças e semelhanças existentes entre as trajetórias sociais dos ex-alunos bolsistas e pagantes. Bem como observar quais as características que dificultavam o percurso escolar e carreira profissional dos egressos bolsistas e que outras possibilidades esses ex-alunos tinham para alcançar o êxito em suas trajetórias sociais. Após precisar as diferenças sociais e culturais dos ex-alunos pagantes, também será objeto deste estudo observar se essas diferenças concorreram para uma apropriação distinta da cultura escolar existente no Colégio Catarinense. Questionários e entrevistas foram utilizados como instrumentos para verificação dos dados, sendo que as informações pesquisadas foram analisadas sob a ótica dos sociólogos Pierre Bourdieu e Bernard Lahire, por meio de seus principais conceitos, quais sejam: a visão polimorfa do capital, habitus, mediadores sociais e processos de socialização, entre outros. Foi verificado que as famílias dos alunos pagantes possuíam além do capital econômico, necessário para custear as despesas escolares, capital cultural e social. Em relação aos alunos bolsistas foi evidenciado que seus pais e avôs possuíam pouco capital cultural e econômico. As bolsas foram conseguidas por meio do capital social acumulado por estas famílias, que possuíam relações com pessoas influentes. Todos os egressos participantes da pesquisa concluíram ao menos uma graduação e muitos obtiveram longas escolarizações, realizando pós-graduações. Foi comum em suas carreiras profissionais o acúmulo de cargos e funções, principalmente conciliando empregos públicos e atividades no setor privado, bem como desempenhando suas profissões como profissionais liberais. No detalhamento das trajetórias dos egressos bolsistas buscou-se dar ênfase aos mediadores sociais encontrados para superar as dificuldades colocadas pela mudança nos rumos de suas trajetórias em relação aos caminhos traçados por seus pais e avôs. A análise das entrevistas demonstrou que há situações similares entre as três trajetórias sociais: os três eram oriundos de locais do Estado catarinense que na década de 1940 e 1950 possuíam uma rede escolar reduzida e precária. Para concluir o ensino secundário, foi necessário o deslocamento dos três participantes da pesquisa para a capital Florianópolis, pois o Colégio Catarinense era um dos poucos educandários que ministrava o ensino secundário completo. Como suas famílias não possuíam recursos, todos os três tiveram que contar com bolsas de estudo, adquiridas por meio do capital social de seus parentes. O estudo das trajetórias sociais dos ex-alunos do Colégio Catarinense trouxe reflexões acerca das relações existentes entre a escola e as famílias dos alunos e como essas podem influenciar o desenvolvimento dos percursos escolares e as carreiras profissionais

ASSUNTO(S)

escolas ensino secundário educação história trajetórias sociais colégio catarinense educacao história da educação ensino secundário social trajectories college of santa catarina secondary education history of education

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