Hepatite C em doadores de sangue : diagnostico pela reação de transição reversa e reação em cadeia da polimerase (RT-PCR) e sua correlação com os testes imunoenzimatico (EIA) e imunoblot recombinante (RIBA)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

No Brasil, previne-se a transmissão por transfusão sangüínea do vírus da hepatite C com a triagem dos doadores de sangue realizada por meio da pesquisa do anti VHC pelo método de EIA e dosagem dos níveis séricos da ALT. A especificidade da triagem do anti-VHC por EIA, em populações de baixa soroprevalência, tem sido questionada. Assim, para avaliar-se a eficácia desta triagem, pesquisou-se a presença, com o uso da RT-PCR, do RNA viral em amostras de doadores de sangue, procurando-se, também, estabelecer as associações entre os resultados desta reação e os testes de EIA e RIBA. Procurou-se, ainda, detectar marcadores teciduais para o VHC, com a utilização de Um anticorpo monoclonal específico, pela técnica de imuno-histoquímica eimunofluorescência em cortes de tecido hepático parafinado. Foram estudadas 196 amostras de soro, coletadas no período de janeiro de 1994 a dezembro de 1995. Entre estas, 178 foram selecionadas de uma população de doadores de sangue voluntários do Centro de Hematologia e Hemoterapia da UNICAMP e, 18 de pacientes atendidos no Ambulatório do Grupo de Estudos das Hepatites da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Faculdade de Ciências Médicas desta Universidade. Dos 178, 147 (82,6%) apresentaram-se à triagem com resultados repetidamente reagentes para o anti- VHC e não-reagentes para o HBsBAg, anti-HBc, anti-lllV1/2, anti-HTL VI/IT, além de serem negativos para marcadores da Doença de Chagas e Sífilis. Os 31 (17,4%) restantes eram repetidamente negativos para todos os marcadores sorológicos acima citados e apresentavam níveis de AL T nonnais (grupo controle). As 18 amostras de pacientes estudadas eram negativas para a pesquisa do anti-HIV1/2 e foram investigadas sorologicamente para os diferentes tipos de hepatites, de acordo com a avaliação clínica. Os 14 T doadores foram subagrupados de acordo com os critérios baseados nas leituras das densidades ópticas das amostras em relação ao "cutoff (DO/C) do teste de ElA para o anti-VHC e o nível de ALT. A seqüência do RNA do VHC foi detectada pela RT- "nested" PCR, utilizando-se "primers" da região 5 não-transcrita, que é a mais conservada do genoma viral. O ensaio de "imunnoblot" recombinante (RIBA-2) também foi realizado nas mesmas amostras. No subgrupo considerado ElA fortemente reagente, 95,4% apresentaram aumento nos níveis séricos de ALT, enquanto que no sub-grupo ElA fTacamente reagente apenas, 47,1% tiveram níveis de ALT elevados. No subgrupo ElA fortemente reagente houve 96,9% de co-positividade com o teste de RIBA. A realização deste mostrou-se necessária para definir a condição sorológica dos indivíduos EIA fracamente reagente, uma vez que apenas 53% confirmaram a positividade inicial, permanecendo 23,5% como indeterminados e 23,5% como negativos. Observou-se uma relação direta entre a reatividade contra o antígeno do core do VHC (c22.3) e a presença de partículas virais no soro. Entre os RIBA indeterminados (reativos apenas para o c22.3), 87,5% apresentaram positividade para a RT-PCR. Em 91,5% dos indivíduos com EIA fortemente reagente, detectou-se o RNA do VHC pela RT-PCR contra apenas 17,6% no subgrupo EIA fracamente reagente. A concordância entre os resultados positivos de RIBA e RT-PCR foi de 85,9%. Por estes achados conclui-se que os dois testes devam ser aplicados isolada ou seqüencialmente para confirmar a infecção pelo VHC, principalmente em populações com baixas prevalências da mesma, como é o caso dos doadores de sangue. Entre os indivíduos com hepatite crônica histologicamente confirmada não se encontrou nenhum caso com resultado de RIBA negativo. Em 92,3% deste grupo observou-se positividade para o RNA do VHC pela RT-PCR. Os testes de ElA e RIBA utilizados neste estudo apresentaram alta sensibilidade e especificidade, considerando-se como população positiva aqueles indivíduos com diagnósticos histopatológicos de hepatites crônicas, com positividade para aRT-PCR. Assim, conclui-se que a triagem sorológica, em nosso serviço, para prevenir a transmissão do VHC, na transfusão de sangue, mostrou-se eficiente e capaz de selecionar os doadores infectados, principalmente se for usada como critério a relação DO/C no teste de ELA. A utilização do anticorpo monoclonal específico, TORDJI-22, em tecido hepático parafinado pela técnica de imuno-histoquímica ou imunofluorescência não permitiu evidenciar a presença do VHC neste tecido em nossa casuística. Os testes de triagem sorológica (ELA e RIBA) associados ao método de RTPCR e ao diagnóstico anátomo-patológico propiciarão ao clínico manipular melhor as interrelações e as variáveis envolvidas na infecção pelo vírus C

ASSUNTO(S)

hepatite por virus sangue - transmissão hepatite cronica ativa

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