Gênero, cultura e violência/ vitimização associadas ao álcool: um estudo no município de São Paulo. Violência entre casais, abuso sexual e consumo de álcool: um recorte do Projeto Genacis / Gender, culture and violence/victimization related to alcohol: a São Paulo city study Partner Violence, sexual abuse and alcohol consumption: a part of Genacis project

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A violência entre casais e o abuso sexual ocorrem cotidianamente e nos âmbitos social e familiar. É um problema relevante no Brasil, pois afeta um número significativo de pessoas, em sua grande maioria mulheres, e produz inúmeros agravos à saúde física, reprodutiva e mental. Os homens, especialmente jovens, estariam mais sujeitos que as mulheres à violência em locais públicos, especialmente ao homicídio, cometido tanto por estranhos quanto por conhecidos. Já as mulheres estão mais sujeitas a agressões perpetradas por pessoas conhecidas e íntimas. Isso pode significar violência repetida e continuada que, muitas vezes, perpetua-se cronicamente por muitos anos ou até vidas inteiras. O objetivo geral deste trabalho foi analisar violência entre casais e abuso sexual (através das variáveis das seções N e O do Questionário Genacis), associadas ao padrão de consumo de álcool e dados sociodemográficos, especialmente gênero. O método foi o de um estudo transversal do tipo inquérito epidemiológico em amostra estratificada por conglomerados, sendo representativa dos níveis socioeconômicos e educacionais da população. Foi um recorte do projeto Genacis, realizado no município de São Paulo, cuja amostra totalizou 1473 pessoas de 18 anos ou mais. A coleta de dados foi realizada através da aplicação do questionário Genacis em entrevistas nos domicilios sorteados por uma equipe de entrevistadores treinados. A análise estatística univariada utilizou o teste qui-quadrado ou teste exato de Fisher, no programa Stata 8.0. Os resultados mostraram uma taxa de 40% de recusa, a maioria de homens e famílias de estratos socioeconômicos mais altos, e moradores de prédios e condomínios. Houve predominância de mulheres (58,6%), pessoas casadas (41,1%), e com menos de 40 anos de idade (53,2%). Em relação à escolaridade, 3,7% eram analfabetos e houve concentração nas faixas de escolaridade mais baixas. Os homens tiveram predominantemente padrões de consumo de álcool moderado e pesado, enquanto as mulheres em geral tiveram padrões mais leves ou eram abstinentes. Cerca de 8,3% da amostra relataram algum tipo de violência física nos dois anos anteriores à entrevista. Tanto ser agressor como vítima se associou a ser jovem, ter companheiro (casado ou amasiado) e ser proveniente dos estratos socioeconômicos e educacionais mais baixos. A violência doméstica esteve associada ao padrão de consumo pesado de álcool, tanto em vítimas quanto agressores. As mulheres sofreram episódios mais graves de violência. Ter sofrido abuso sexual (atual ou passado) esteve associado a ter relacionamento atual com parceiro com padrão pesado de consumo de álcool e ser agressor, para ambos os gêneros. Embora não tenham sido encontradas diferenças de gênero em relação à freqüência de ser vítima ou agressor, nos homens agressores foi encontrado consumo mais pesado de álcool associadas ao incidente. Os resultados ressaltam a importância da associação entre o uso de álcool e risco de agressão (como perpetrador ou vítima) e tem importantes implicações na elaboração de políticas publicas e programas de tratamento desses problemas.

ASSUNTO(S)

domestic doméstica epidemiologia epidemiology gender gênero partner violence sexual abuse violência abuso sexual alcohol álcool casais

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