Freqüência de rabdomiólise em pacientes submetidos a tratamento operatório para obesidade mórbida no Hospital das Clínicas da UFMG
AUTOR(ES)
Leonardo Dornas de Oliveira
DATA DE PUBLICAÇÃO
2007
RESUMO
A obesidade é uma doença universal de caráter atualmente epidêmico e sabidamente associada à co-morbidades e maior mortalidade. Em virtude de sua natureza crônica e recorrente, com pouca resposta a medidas clínicas, o tratamento operatório (cirurgia bariátrica) tem se tornado uma modalidade terapêutica cada vez mais realizada. Complicações operatórias diversas já foram associadas a este tipo de procedimento, mas ainda há pouco conhecimento sobre complicações neurológicas da cirurgia bariátrica. Dentre elas, a rabdomiólise (RML) vem sendo só muito recentemente descrita, na maioria das vezes na forma de relatos de caso, havendo poucos estudos longitudinais. Mecanismos compressivos associados ao decúbito e maior peso corporal parecem estar envolvidos no surgimento desta complicação. O presente estudo avaliou 22 pacientes submetidos ao tratamento operatório da obesidade mórbida no Hospital das Clínicas da UFMG por bypass gástrico com Y-de-Roux (BPGYR) por via aberta objetivando análise da freqüência de RML através da dosagem de creatinofosfoquinase (CPK) após 24 horas de pós-operatório. Foram avaliadas 14 mulheres e 8 homens, com idade média de 39,9 ± 11,2 anos, Índice de massa corporal (IMC) médio de 52,4 ± 8,0 kg/m² e o tempo operatório médio de 253,2 ± 51,9 minutos. RML foi diagnosticada laboratorialmente como elevação maior do que cinco vezes o limite superior do valor de referência empregado e ocorreu em 77,3% dos pacientes. A dosagem média de CPK pós-operatória foi muito elevada (7.467,7 ± 12.177,1 UI/L), sendo superior a 5.000 UI/L em 40,9% dos pacientes, evidenciando dano muscular significativo e elevado risco potencial de complicações. Nenhum paciente apresentou insuficiência renal secundária a RML, mas ocorreu um óbito (4,5%) associado a complicações infecciosas abdominais. Sintomatologia clínica neuromuscular ocorreu em 45,5% dos pacientes, sendo mais comumente dor muscular (36,4%), principalmente em regiões glúteas e lombares (27,2%). Análises comparativas dos pacientes com e sem diagnóstico de RML mostrou significância estatística em relação ao maior tempo operatório (p=0,005) do grupo com RML e à presença de sintomatologia neuromuscular neste grupo (p=0,04). Os resultados do presente estudo se assemelham a de outros poucos disponíveis e confirmam que a ocorrência de RML em cirurgia bariátrica de BPGYR (Técnica de Capella) por via aberta é uma complicação comum, reforçando a importância da propedêutica através da dosagem rotineira de CPK após 24 horas de pós-operatório.
ASSUNTO(S)
dissertações acadêmicas decs dissertação da faculdade de medicina ufmg cirurgia bariátrica decs obesidade cirurgia teses. obesidade mórbida/cirurgia decs rabdomiólise decs derivação gástrica decs manifestações neurológicas decs
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/ECJS-74UJFXDocumentos Relacionados
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