Fluxo de consciência : variações no teatro contemporâneo / Fluxo de consciência: variações no teatro contemporâneo

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente trabalho, "Fluxo de Consciência: percurso e articulações no teatro contemporâneo", se propõe ao estudo do fluxo de consciência como proposta estética pertinente ao teatro. Parte-se de sua definição na psicologia, a partir de William James, e de sua concepção pela teoria literária, no estudo produzido por Robert Humphrey, para, posteriormente, identificar seu uso no teatro. Por meio da articulação de seu percurso na dramaturgia, em relação às formas produzidas na literatura, examina-se o tratamento específico dado ao fluxo de pensamento no teatro, com base nas teorias de Peter Szondi, Anatol Rosenfeld e Anne Ubersfeld. A abordagem de sua manifestação efetivamente teatral se completa com o exame da situação singular que a encenação produz junto ao público, fundamentado nos trabalhos de Jean-François Lyotard, Linda Hutcheon, Hans-Thies Lehmann e Maurice Merleau-Ponty, e com a análise do espetáculo "Ânsia", da 3 de Sangue Companhia de Teatro, com direção de Rubens Rusche, fundamentada pela teoria dos vetores de Patrice Pavis. O trabalho defende uma modificação na constituição do fluxo de pensamento ao longo dos anos. Primeiramente centrado na psicologia de personagens, ao tornar-se parte da produção cultural contemporânea, ele se contamina com os pressupostos pósmodernos e sua existência se manifesta cada vez mais descentralizada. Com a consideração de um sujeito vulnerável, diante das múltiplas influências na "era pósindustrial", constituído no processo de interação com o mundo, o "eu" é visto sob a perspectiva da relatividade de sua determinação definitiva. Assim, a personagem também se torna ser instável, questionada em sua validade enquanto ser uno, passando a ser trabalhada através de fragmentos abertos à múltipla significação. Atualmente, verifica-se sua apresentação em elementos dispersos, que solicitam à recepção a conexão em meio à dispersão. A personagem é uma encruzilhada de discursos e o fluxo perde seu lugar central. O fluxo de consciência, como proposta teatral, se estabelece para além de características formais e alcança sua constituição como processo na totalidade da experiência estética. Retoma um tipo de existência que se aproxima de seu objeto original - os processos mentais e cerebrais - e se define em variabilidade avessa a qualquer tentativa de determinação definitiva. Encontram-se diversos tratamentos relacionados ao fluxo, que não se excluem nem se subordinam. Diante dessas diversas manifestações, verifica-se sua adaptabilidade a toda nova exigência, quando se estabelece sob novos moldes.

ASSUNTO(S)

teatro contemporâneo stream of consciousness encenação drama scenario dramaturgia

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