Expandindo o olhar das páginas literárias ao cinema: a caricatura do Jeca na expressão de Lobato e Mazzaropi

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

A construção da imagem e do tipo caipiras, dentro da literatura e do cinema, foi elaborada à luz de imagens e conhecimentos pré-estabelecidos e estagnados no tempo. A representação de sua imagem está, ainda hoje, atrelada a um modo de ver externo a sua cultura e corresponde aos interesses de quem detém o poder. A contingência dessa caracterização guarda máculas desse embate cultural e de classe entre o caboclo e o senhor de terras, detentor dos meios de produção. Analisada devidamente a pluralidade de tipos caipiras em Monteiro Lobato, na literatura, e Amácio Mazzaropi, no cinema, o que se vê é a perpetuação dessa imagem e a instituição de uma identidade de certa forma anômala do caboclo, o que fez com que fosse pintado, nos dizeres de Antonio Candido, de maneira bela, injusta e caricatural. Mesmo buscando a verossimilhança, ambos os autores acentuaram e fizeram retumbar com mais força e amplitude a marca negativa desse estereótipo, imprimindo-lhe de novo apenas um olhar piedoso e/ou analítico acerca das condições paupérrimas de vida do caipira paulista, sem, entretanto, irem a fundo em aspectos pertinentes a sua cultura e modo de vida. Compreendendo os períodos entre 1914 e 1970, o trabalho apresentado faz um passeio pelo breve século XX, mostrando de que forma acontecimentos como as duas grandes guerras e a Revolução Soviética de 1917, e suas posteriores conseqüências, por exemplo, foram encaradas no país, não se esquivando, por certo, de uma pertinente leitura das adaptações da imagem do caipira nesse período.

ASSUNTO(S)

identidade caipiras lobato, monteiro - critica e interpretação literatura cinema mazzaropi, amácio, 1912-1981 literatura brasileira

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