Estudo sobre o efeito do transplante de células mononucleares da medula óssea no modelo de epilepsia genética no camundongo EL

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

19/03/2012

RESUMO

Considerando-se a elevada incidência da epilepsia (2-3% da população mundial) e o alto índice de refratariedade ao tratamento com fármacos antiepilépticos disponíveis (20-30%) torna-se fundamental que sejam estudadas e disponibilizadas novas alternativas terapêuticas. Na epilepsia, a exemplo de outros distúrbios do sistema nervoso central, há perda de sub-populações neuronais, o que representa uma consequência importante na patogenia da doença. Estratégias terapêuticas envolvendo o transplante de células-tronco e terapia gênica começam a ser estudadas em modelos experimentais de epilepsia. Entre os modelos experimentais destaca-se o modelo de epilepsia genética do camundongo EL/Suz. Neste modelo, as crises se originam próximos ao lobo parietal e se propagam para as outras regiões do cérebro como o hipocampo. Algumas das manifestações comportamentais que os animais apresentam são as manipulações de crises associadas à estimulação vestibular, sendo que este comportamento é exacerbado com o aumento com a idade do animal. Visando explorar este potencial, nosso estudo se propôs a verificar o efeito da administração de células mononucleares da medula óssea no tratamento da epilepsia genética através da injeção periférica destas células (C57BL/6-EGFP) em camundongos EL/Suz. O estudo foi distribuído em 4 grupos: I) EL+Controle (C); II) EL+Salina (S); III) EL+Células-Inativadas (CI); IV) EL+Células Mononucleares (CMMO). Os animais foram estimulados desde o nascimento com observação direta das manifestações comportamentais a partir de 30 dias de vida. A observação e a estimulação dos animais foram realizadas uma vez por semana com o movimento de subida e descida do animal e movimentos pendulares (ir-vir) nas quatro direções. Para verificar a presença de CMMO transplantadas no hipocampo bem como em outras estruturas encefálicas e outros órgãos utilizamos a técnica da polymerase chain reaction (PCR). A observação dos grupos pré e pós-transplante foi usada como parâmetro para que se infira que as células mononucleares transplantadas foram capazes de migrar para o tecido nervoso e diminuir o número de crises convulsivas. A contagem do número de crises foi avaliada no período pré e pós-transplante com registro eletroencefalográfico (EEG) nos grupos EL+Salina e EL+CMMO para controle de intensidade das crises. Os registros eletrofisiológicos in vitro avaliaram a resposta sináptica utilizando o paradigma de estimulação por pulso pareado em fatias de cérebro. Nossos resultados mostram uma redução gradual da frequência de crises num período de 240 dias chegando a 50%. Para comparar nossos achados de redução de crises fizemos estudo da atividade elétrica cerebral através do registro EEG onde observamos nos traçados eletroencefalográficos uma intensidade maior da fase ictal no grupo EL+Salina comparado com o grupo EL+CMMO. Observamos que os animais do grupo EL+Salina apresentaram uma excitabilidade neuronal significamente maior comparado ao grupo controle e o grupo EL+CMMO comprovando o efeito terapêutico das CMMO. No estudo de estímulo condicionante podemos observar que os três grupos apresentaram indução facilitada de potenciação de longa duração (LTP) com uma maior amplitude do potencial póssináptico excitatório no grupo EL+Salina. Com base nos dados obtidos no presente estudo, concluímos que as células mononucleares da medula óssea podem ter efeito terapêutico na epilepsia genética no modelo do camundongo EL/Suz.

ASSUNTO(S)

medicina medula Óssea transplante epilepsia reaÇÃo em cadeia da polimerase eletrofisiologia cÉlulas-tronco medicina

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