Efeito do transplante de células mononucleares da medula óssea na frequência de crises e no desempenho cognitivo de ratos com epilepsia induzida por lítio-pilocarpina

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A epilepsia atinge cerca de 1% da população mundial, sendo que aproximadamente 30% desses pacientes não respondem ao tratamento medicamentoso. Por sua vez, as células-tronco representam uma esperança de tratamento da epilepsia, visto que têm grande capacidade de proliferação, diferenciação e regeneração de tecidos, podendo restaurar circuitos neurais e restabelecer a excitabilidade neuronal fisiológica. O objetivo deste estudo é verificar se as células mononucleares da medula óssea (CMMO) apresentam potencial terapêutico no controle das crises epilépticas e do dano neuronal progressivo induzido pela epilepsia experimental. Os animais foram injetados com lítio-pilocarpina (127 mg/kg e 60 Mg/kg i.p., respectivamente) para indução de status epilepticus (SE). As crises comportamentais foram classificadas de acordo com a escala de Racine e a duração do SE foi controlada com diazepam (10 mg/kg, i.p., 90 minutos). Os animais controle receberam solução salina. Após 22 dias, o total dos animais foi dividido em quatro grupos: Pilocarpina; Pilocarpina + CMMO, Salina e Salina + CMMO. Os grupos CMMO receberam transplante de células da camada mononuclear da medula óssea, obtidas de camundongos EGFP C57BL/6, via veia caudal (107 células, 200L), e os demais salina. Os animais tratados com pilocarpina foram monitorados por vídeo durante sete dias pré-transplante e outros catorze dias após o procedimento, para observação e computação de crises espontâneas recorrentes (CERs). Ainda, 45 dias depois da injeção das células os animais foram avaliados na tarefa do labirinto aquático de Morris (LAM) e a seguir na tarefa de reconhecimento de objetos, e logo após utilizou-se o teste do eletrochoque máximo para avaliação do limiar convulsivo. Decorridos sete meses do transplante os animais foram sacrificados e foram coletados os hipocampos direito e esquerdo, e amostras de cerebelo, bulbo olfatório, coração, pulmão e fígado para análise da presença de EGFP por PCR. Nossos resultados demonstram que os animais tratados com pilocarpina que receberam injeção de CMMO têm melhor desempenho no LAM quando comparados com o grupo pilocarpina. Esta melhora foi significativa durante o primeiro e último dias de treino, e também durante o teste em todos os parâmetros avaliados: latência, número de cruzamentos e permanência no quadrante alvo. Ainda, as CMMO reduziram o número de crises. Entretanto, na tarefa de reconhecimento de objetos e no teste do eletrochoque máximo não há diferença entre os animais epilépticos tratados ou não com CMMO. Finalmente, não foram detectadas bandas correspondentes à EGFP em nenhuma das amostras estudadas. Nos últimos anos, estudos que buscam tratamentos baseados em células-tronco para as mais diversas doenças neurodegenerativas foram vistos com muito interesse. Este tipo de tratamento pode ser útil também no tratamento da epilepsia crônica, dado o potencial que estas células têm de, independentemente do mecanismo, restaurar o micro ambiente neuronal e re-estabelecer a excitabilidade neuronal fisiológica. Palavras-chave: Epilepsia, células-tronco, testes comportamentais.

ASSUNTO(S)

epilepsy epilepsia stem cells medula óssea behavioral tests células-tronco comportamento animal

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