Estudo Etnoveterinário de Plantas Medicinais com Atividade Anti-Helmíntica. / Study of Medicinal Plants with Ethnovet Anthelmintic activity.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/12/2010

RESUMO

A etnoveterinária estuda e valida o conhecimento popular utilizado na atenção e promoção da saúde animal. A fitoterapia, um dos ramos dessa ciência, é cada vez mais utilizada no tratamento de doenças de animais. Dentre as enfermidades que acometem pequenos ruminantes, destacam-se as parasitoses por nematóides gastrintestinais como importante causa de morbidade, mortalidade e redução na produtividade. Na medicina veterinária convencional o tratamento dessas doenças utiliza anti-helmínticos sintéticos, porém o fenômeno da resistência anti-helmíntica tem reduzido a eficácia desses fármacos e estimulado a pesquisa por alternativas de tratamento, como exemplo a fitoterapia. Em várias partes do mundo existem relatos etnoveterinários sobre plantas com ação anti-helmíntica e muitos pesquisadores documentam e validam cientificamente esses conhecimentos tradicionais. No Brasil, os estudos etnoveterinários são escassos, especialmente na Região Amazônica. Sendo assim, o presente trabalho teve dois objetivos: o primeiro foi documentar o conhecimento etnoveterinário sobre plantas utilizadas por habitantes da Ilha do Marajó. O segundo foi selecionar e validar cientificamente uma planta com elevada freqüência de relatos de uso como antihelmíntico. Foram realizadas entrevistas com aplicação de questionários semiestruturados que foram analisados através da distribuição de freqüência. O valor de uso foi calculado para determinar as espécies mais importantes. Amostras das plantas relatadas como medicinais foram coletadas e identificadas tanicamente. Da planta selecionada para validação científica, foram preparados os extratos acetato (EA), hexânico (EH) e etanólico (EE). Esses extratos foram utilizados no teste de eclosão de ovos (TEO) e teste de desembainhamento larvar artificial (TDLA). Os resultados do TEO e TDLA foram analisados utilizando os testes de Tukeys e Kruskal-Wallis, respectivamente. Cinqüenta e cinco plantas, distribuídas em 48 gêneros e 34 famílias, foram indicadas para 21 diferentes usos medicinais em animais domésticos. A Jatropha curcas L. foi uma das plantas com maior valor de uso (0.4) e elecionada para validação da sua ação anti-helmíntica. O EE obtido de sementes de J. curcas demonstrou efeito ovicida inibindo em 99,8% a eclosão de larvas na concentração de 50 mg mL-1. Esse extrato também inibiu significativamente (p<0,01) o processo de desembainhamento larvar artificial. Os EA e EH não apresentaram efeito ovicida e não inibiram o processo de desembainhamento larvar. Na Ilha de Marajó são utilizadas plantas medicinais para tratar doenças de animais. Dentre as plantas citadas como anti-helmínticos naturais destacou-se a J. curcas e o conhecimento etnoveterinário foi validado utilizando testes in vitro. Entretanto, ainda são necessários estudos toxicológicos e de eficácia in vivo para que o uso anti-helmíntico da J. curcas possa ser repassado para população como uma alternativa segura e eficaz para tratar seus animais.

ASSUNTO(S)

amazônia nematóides gastrintestinais plantas medicinais etnobotânica jatropha curcas reproducao animal amazonian gastrointestinal nematodes medicinal plants ethnobotany jatropha curcas

Documentos Relacionados