Estudo do efeito de sobrevivência promovido pelo Mycobacterium leprae sobre as células de Schwann: análise do envolvimento dos fatores semelhantes à insulina (IGFs) e da via PI 3-K/Akt. / Study of the effect of survival promoted for the Mycobacterium leprae on the Schwann cell: analysis of the envolvement of the similar factors to the insulin (IGFs) and of way PI 3-K/Akt.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A hanseníase é uma doença crônica causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, um patógeno intracelular obrigatório, cujo principal alvo são as células de Schwann (CS), tendo como consequências mais significativas a perda funcional dos nervos periféricos e deformidades. É sabido que patógenos intracelulares bloqueiam vias de apoptose na célula hospedeira preservando seu nicho de sobrevivência. Contudo, os efeitos do M. leprae sobre a sobrevivência das CS em situações de estresse é desconhecido. Resultados iniciais do nosso laboratório mostraram que o M. leprae promove a sobrevivência das CS quando privadas de soro e que esta proteção é dependente de fatores solúveis secretados pela célula para o meio de cultura, tendo como possíveis candidatos os fatores de crescimento semelhantes à insulina -I e -II (IGF-I e IGF-II). Como estes resultados foram obtidos utilizando a linhagem de schwannoma humano ST88-14, o primeiro objetivo do presente estudo foi verificar se o efeito protetor do M. leprae se repetia em CS primárias humanas. Para tal, culturas de CS primárias humanas com grau de pureza acima de 95% foram plaqueadas sem foscolina e heregulina, e submetidas à privação de soro por 24 ou 48 horas na presença ou não de M. leprae. Através da avaliação da viabilidade das células obtida por exclusão de azul de tripan ou marcação com iodeto de propídio foi visto que o efeito protetor do M. leprae se repetiu em culturas primárias. A seguir, a participação dos IGFs no efeito protetor do M. leprae foi confirmada em experimentos com a linhagem ST88-14 na presença de anticorpos neutralizantes para os fatores de crescimento IGF-I e IGF-II e seu receptor IGF1-R. Também foram constatados, por western blot, níveis superiores de Akt fosforilado nas CS tratadas com M. leprae, reforçando o possível envolvimento da via de sinalização anti-apoptótica PI 3-K/Akt no efeito protetor. Finalmente foi mostrado que este efeito era específico desta micobactéria, já que outras espécies do mesmo gênero (Mycobacterium smegmatis e BCG) não foram capazes de conferir à CS proteção contra a morte celular induzida pela remoção de soro. Esses resultados sugerem que o M. leprae inibe vias apoptóticas na CS utilizando uma nova estratégia não descrita previamente no contexto de patógenos intracelulares. Esta estratégia consistiria na indução da secreção de IGFs e subsequente ativação da via PI 3-K/Akt na CS, garantindo, assim, um nicho adequado para sua sobrevivência e replicação nos momentos iniciais da infecção.

ASSUNTO(S)

leprosy mycobacterium leprae schwann cells microbiologia proteínas de ligação a fator de crescimento insulin-like insulin-like growth factor binding proteins hanseníase insulin mycobacterium leprae células de schwann insulina

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