Estudo da atividade imunomoduladora do extrato bruto de Withania somnifera em camundongos portadores do tumor ascitico de Ehrlich

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

O câncer é uma das doenças mais prevalentes no Brasil e no mundo. Atualmente, a radioterapia e a quimioterapia são utilizadas como tratamento de primeira escolha para esta doença e caracterizam-se por não possuir toxicidade seletiva, causando sérios efeitos adversos como a inibição da resposta imunológica e a mielossupressão. O desenvolvimento de novas drogas, visando terapias mais eficientes, vem aumentando a procura por fitoterápicos para o tratamento do câncer. A Withania somnifera (Ashwagandha) é uma planta bastante utilizada na medicina Ayurvédica devido sua eficácia em uma grande variedeade de doenças. Possui sinonímia bastante diversificada sendo conhecida por Cereja de Inverno, Ashwagandha, Ginseng Indiano entre outros nomes. Cresce em áreas subtropicais da Índia, África e oeste da Ásia. A Withania somnifera (WS) foi investigada extensivamente durante as últimas três décadas e resultados de estudos envolvendo indivíduos de diferentes faixas etárias e de ambos os sexos demonstram ação terapêutica potente com efeitos tóxicos mínimos. Neste sentido, investigamos os efeitos desta planta sobre o crescimento e diferenciação de precursores hematopoéticos [Células formadoras de colônias de granulócitos/macrófagos (CFU-GM)], de camundongos normais e portadores do tumor ascítico de Ehrlich (TAE), os quais foram tratados com diferentes doses de Withania somnifera (20, 50 ou 100 mg/kg/dia). Nestes animais, avaliamos ainda a presença de fatores estimuladores de colônias no soro e a sobrevida. Além disso, foi avaliada também a proliferação de linfócitos e a lise específica de células natural killer (NK), a concentração das citocinas IL-1, IL-6, IL-10, IFN-g e TNF-a nos camundongos inoculados com TAE e tratados com o extrato da planta, bem como a presença de micronúcleos de eritrócitos da medula óssea dos camundongos tratados com o extrato da planta e ciclofosfamida, e por último a citotoxicidade do extrato nas linhagens leucêmicas HL-60, K-562 e MOLT-4. Nossos resultados demonstraram uma eficácia do extrato de Withania somnifera no crescimento de diferenciação dos precursores hematopoéticos da medula e baço dos camundongos inoculados com TAE. Como já esperado, o TAE produziu concomitantemente a mielossupressão e um aumento no número de CFU-GM esplênico. O tratamento dos animais portadores do TAE com WS (20, 50 e 100 mg/kg) produziu aumento na sobrevida e aumento na mielopoese, além da redução no número de colônias esplênicas e no peso do baço. Quanto à proliferação de linfócitos e a lise específica de células NK, ocorreu uma resposta dose-dependente dos animais inoculados e tratados com o extrato de WS. Da mesma forma, pudemos observar que o tratamento dos animais portadores do TAE e tratados com a planta impediu a polarização da resposta imunológica Th1-Th2 encontrada nos animais portadores do TAE. Neste sentido, a avaliação dos níveis de IL-1 revelou que a administração das doses de 20, 50 e 100 mg/Kg de WS por 10 dias consecutivos em camundongos normais produziu um aumento significativo (P<0,001) comparado aos grupos controle e inoculados com TAE, em 24 e 48 horas após a incubação. Os resultados obtidos para a produção de IL-6 revelaram níveis estatisticamente mais elevados, em relação aos observados para os animais somente inoculados. Um aumento pronunciado (P<0,001) nos níveis de IL-10 foi observado nos animais inoculados com TAE (24 e 48 horas). Reduções significativas foram observadas nos níveis desta citocina após o tratamento com todas as doses de WS em 24 e 48 horas de incubação, quando comparadas ao grupo inoculado com TAE (P<0,001). Por outro lado, os níveis de IL-10 nos animais normais não foram alterados pelo tratamento com as mesmas doses de WS. Em relação aos níveis de IFN-g, observamos um redução significativa nos níveis desta citocina nos animais apenas inoculados com TAE. Por outro lado, houve uma reversão deste quadro quando os animais foram tratados com as doses de 20, 50 e 100 mg/Kg. Os níveis da citocina TNF-a revelaram um aumento significativo desta citocina em relação ao grupo apenas inoculado com TAE. Estes resultados são encorajadores, uma vez que favorecem a utilização do extrato de WS em combinações terapêuticas com outros quimioterápicos visando reduzir a mielotoxicidade e suplementar a eficácia tumoricida desta planta

ASSUNTO(S)

macrofagos imunologia cancer extratos vegetais linfocitos

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