Escola em tempos líquidos : o desafio de educar / School in the liquid times : the challenge of educating

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2012

RESUMO

Neste trabalho tivemos o objetivo de investigar numa escola pública municipal quais seriam as possíveis relações que existem entre os sujeitos dessa escola e entre eles e o ambiente e quais seriam os parâmetros que poderiam estar balizando o cotidiano dessa escola. A pesquisa de caráter qualitativo investigou o cotidiano da escola no período da manhã por aproximadamente dois anos, realizando observação participante, conversas informais com alunos, professores e funcionários, entrevistas semi-estruturadas com professores e equipe técnica, registros escritos e fotográficos. Concomitantemente à coleta de dados foi sendo construída uma narrativa preliminar de análise que descrevia a dinâmica do cotidiano da escola. Com base nesta análise preliminar foi feita uma retrospectiva dos acontecimentos descritos na narrativa, trazendo para a discussão principais pontos de interesse que foram interpretados à luz do referencial teórico de Z. Bauman cuja tese central é o conceito de pós-modernidade enquanto tempos líquidos e as metáforas do jardineiro, guarda-caça e caçador. Nesse sentido, foi possível considerar que a escola convivia com práticas concorrentes e conflitantes em seu cotidiano. A equipe técnica faz o papel de jardineiro ao tentar construir uma utopia que almeja criar uma escola participativa em que o diálogo é a grande fantasia fundadora do grupo. Alguns professores não compartilham dessa utopia e nesse caso, eles fazem o papel do guarda-caça, pois querem manter a escola mais tradicional. Parte dos alunos da escola se aproxima da figura do caçador, pois não se preocupam com sua formação para o futuro ao negar seu próprio desenvolvimento e a aprendizagem de conhecimentos escolares, somente valorizando, muitas vezes, a oportunidade se divertir nas aulas. Partes dos pais embora se assemelhem a figura do guarda-caça, na verdade parecem desejar que a escola prepare seus filhos para serem bons caçadores. O referencial psicanalítico de R. Kaës acerca do conceito de Instituição/Grupo possibilita dizer que a equipe técnica certamente tem uma utopia e são fundadoras de um grupo, no entanto, a instituição não conseguiu chegar ao momento mitopoético, pois a tarefa (utopia) não consegue estruturar todo o grupo entorno desse projeto e, além disso, a equipe técnica não consegue enfrentar e admitir as diferenças de concepções; ela precisaria buscar mecanismos que ajudem o grupo a se organizar em torno da utopia e sustentá-la de maneira efetiva.

ASSUNTO(S)

escolas cotidiano escolar práticas educativas pós-modernidade educação schools daily educational practices post-modernity education

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