Entre fraldas e letras, fazeres e afetos:: enredos de educadoras infantis (UMEIs de Belo Horizonte /2007-2008)
AUTOR(ES)
Genicia Martins de Matos
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
RESUMO Este estudo analisa quem são as educadoras infantis de duas Unidades Municipais de Educação Infantil (UMEIs) de Belo Horizonte, como se veem e sentem a sua condição profissional e de trabalho. Discute, especialmente, a rotina de trabalho das educadoras com as crianças, sobretudo a arquitetura do tempo, do espaço e as práticas que as constituem. Contém, ainda, uma análise inicial de suas autoimagens profissionais, de suas concepções sobre as crianças, bem como das alegrias, tensões e dificuldades inscritas no dia-a-dia dessas profissionais nas duas UMEIs. Procura, ainda, identificar e compreender os motivos e circunstâncias associados à entrada e permanência dessas educadoras nessa atividade profissional, buscando interpretar os sentidos que elas lhe atribuem. A pesquisa foi realizada com educadoras que atendem crianças entre 1 e 6 anos de idade, em 2007 e 2008. Trata-se de uma investigação na perspectiva qualitativa, realizada mediante a observação direta do cotidiano das educadoras nas UMEIs combinada à realização de entrevistas narrativas individuais e entrevistas semiestruturadas com grupos de educadoras dessas instituições. As profissionais foram subdivididas em dois grupos, segundo a faixa etária das crianças com as quais trabalhavam, agrupamentos assim definidos: educadoras que trabalham com Primeiro Ciclo (crianças menores de três anos) e as que trabalham com o Segundo Ciclo (crianças maiores de três anos). Dentre as principais descobertas deste estudo, está a existência de pontos comuns e distintos revelados por esses dois segmentos de educadoras infantis quanto às questões investigadas. Elas se aproximam, por exemplo, quanto à referência que sustenta suas autoimagens profissionais, isto é, o que elas consideram como sendo um professor ou como a atividade docente. Contudo, as educadoras que trabalhavam com crianças menores de três anos, que demandam ações de cuidados (físicos e emocionais) muito intensos, entendem que a imagem de professora não é suficiente para definir a complexidade dos fazeres dessa profissão. Outro ponto que elas compartilham refere-se às suas alegrias nesse trabalho, pois atribuem à relação com as crianças - por entre fraldas e letras, fazeres e afetos sentimentos de alegria, gratificação e beleza. Elas participam, testemunham e colaboram com o desenvolvimento das crianças. Elas possibilitam as crianças o aprendizado e incorporação de saberes e práticas culturais, individual e coletivamente. Nos aspectos que as diferenciam, destaca-se que as profissionais que trabalham com crianças menores de três anos revelaram que os cuidados corporais (higiene e alimentação) e de proteção predominam em suas rotinas de trabalho, ocupando grande parte do tempo de suas lidas diárias com a criança na instituição, prejudicando a realização de outras atividades educativas. Quanto às educadoras das crianças acima de três anos, têm preocupações relativas à realização de atividades de ensino de leitura e escrita de letras e numerais, e com o desenvolvimento de habilidades nas crianças (recorte, colagem, ouvir e contar histórias, dentre outras). Nesse subgrupo, as atividades de cuidado parecem não constituir um ponto expressivo de tensão e dificuldade na rotina diária. Estes se localizam, especialmente, na desvalorização social dessa atividade e carreira profissional, associada de um lado ao imaginário social que desqualifica e desvaloriza os trabalhos considerados femininos, como certo tipo de serviços e de cuidados, bem como as próprias crianças e o trabalho com elas ; e, de outro, está a inferiorização e o descaso do poder público para com a Educação Infantil, localizada no patamar mais baixo do prestígio social, sendo, portanto, menos valorizada material e simbolicamente nas hierarquias sociais e escolares, nas políticas públicas e na gestão educacional.
ASSUNTO(S)
educação de crianças professores formação profissional pratica de ensino educação teses
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/FAEC-84RJUQDocumentos Relacionados
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