Ecologia dos falconiformes de Areas Abertas do Parque Nacional das Eman (Mineiros-GO)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

Este estudo teve como objetivo levantar dados básicos sobre a ecologia de Falconiformes em uma área de Cerrado no Brasil Central. Para isso, entre março de 1996 e fevereiro de 1997 foram percorridos 7033 km em linhas de censo distribuídas pelo Parque Nacional das Emas (PNE), nos quais foram avistados 3162 indivíduos de 18 espécies de aves de rapina. Outras duas espécies também foram registradas fora dos censos. As contagens por espécie variaram de um (Buteo brachyurus) até 663 indivíduos (Elanus leucurus) e as densidades calculadas variaram de 0,1 ind./km2 (Coragyps atratus) a 12,7 ind./km2 (Falco femoralis). Três espécies apresentaram variações temporais de abundância significativas: Buteogallus meridionalis (menos registros em agosto - setembro), Falco sparverius e Elanus leucurus (ambas com diminuição dos registros de novembro a janeiro). Todos os registros das aves de rapina mais comuns foram separados em trechos de 5 km de estrada e contados para se avaliar a distribuição dos rapineiros dentro do Parque. O número médio de registros por trecho variou de 0,13 (B. meridionalis) a 0,46 (E. leucurus). As distribuições da maioria das espécies apresentaram correlações positivas significativas entre si, com exceção de Buteo albicaudatus. Este fato aparentemente indica que existem áreas dentro do PNE que são mais adequadas para Falconiformes, ou pelo menos para as espécies mais comuns, do que outras, embora não haja diferenças fisionômicas marcantes entre elas. Finalmente, a distribuição das aves no PNE entre a estação seca e a chuvosa não diferiu, exceto no caso de E. leucurus. Também foram coletados dados sobre a biologia reprodutiva das espécies mais abundantes de Falconiformes. Foram acompanhados 38 ninhos de sete espécies de aves de rapina (Coragyps atratus, Elanus leucurus, Buteogallus meridionalis, Buteo albicaudatus, Polyborus plancus, Falco femoralis e Falco sparverius). A maioria das espécies reproduziu entre agosto (final da estação seca) e novembro, exceto C. atratus (abril junho) e E. leucurus Ganeiro - junho). Apesar do maior número dos ninhos de P. plancus ter sido encontrado após o final da estação seca, também foram registrados ninhos a partir de maio. Todos os ninhos foram medidos e caracterizados. Das sete espécies, cinco fazem ninhos em árvores, uma em afloramentos rochosos (C. atratus) e outra em cavidades em cupinzeiros (F sparverius). Não foram encontradas diferenças significativas entre as características dos ninhos que tiveram sucesso e aqueles que falharam, exceto a maior profundidade da cavidade para ninhadas de F sparverius que conseguiram concluir a reprodução. Foi possível identificar duas causas principais de mortalidade: tempestades (quatro ninhos) e predação (dois ninhos). Nos demais (nove ninhos), não foi possível identificar a causa da falha na reprodução. Foram calculadas as probabilidades de sucesso de Mayfield para B. albicaudatus (p=O,26), P. plancus (p=O,55), F sparverius (p=O,45) e F femoralis (p=O,52). São discutidos a utilização de ninhos por mais de uma espécie e a possível redução de ninhada em B. albicaudatus e em P. plancus

ASSUNTO(S)

conservação ecologia

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