Influência do histórico do fogo sobre a ornitofauna do Parque Nacional das Emas (GO/MS)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O fogo promove mudanças na vegetação e na fauna associada e sua função ecológica pode ser extremamente complexa. É o principal processo formador de mosaicos em muitos hábitats e no Cerrado, sua ocorrência data desde períodos anteriores à presença humana. No entanto, seus efeitos ecológicos ainda são pouco conhecidos principalmente em relação à fauna, uma vez que a maior parte dos estudos tem foco sobre a vegetação. O objetivo desse estudo foi de avaliar se o histórico do fogo tem influência sobre a avifauna e sobre a vegetação, e avaliar a relação entre a arquitetura da vegetação e a avifauna. O estudo foi realizado no Parque Nacional das Emas, localizado no sudoeste do Estado de Goiás e nordeste de Mato Grosso do Sul. Foram estudados 54 pontos distribuídos em áreas de fitofisionomias abertas: campo sujo e campo cerrado, considerando o histórico de queimadas dos mesmos. Nesses pontos, foi realizada a amostragem da avifauna e da arquitetura da vegetação, durante o mês de janeiro e setembro de 2008. As amostras da comunidade de aves e da vegetação foram ordenadas através da análise de escalonamento multidimensional híbrido (HMDS). A avaliação do histórico de queimadas sobre a comunidade de aves foi realizada com a utilização de uma análise multivariada de variâncias (MANOVA) e sobre a vegetação, com regressão múltipla. Foram registradas no total 14 espécies de aves e quatro destas são citadas nas listas oficiais de fauna ameaçada de extinção: Nothura minor, Culicivora caudacuta, Alectrurus tricolor e Coryphaspiza melanotis, sendo que esta última não foi registrada nas áreas queimadas há cinco ou seis anos. A abundância total foi maior nas áreas queimadas há um e dois anos e esteve relacionada com o período de tempo decorrido após a queima, mas não com a freqüência do distúrbio. A avifauna e a arquitetura da vegetação variaram entre as áreas de acordo como o tempo decorrido após a última queima e de acordo com a freqüência de queimadas. A riqueza de espécies de aves registrada variou conforme a idade da queimada sendo maior nas áreas queimadas de um a dois anos. Com a passagem do tempo as modificações da vegetação tornam-se menos evidentes, uma vez que o impacto do fogo é de curta duração. A quantidade de contatos com gramíneas aumenta de acordo com o decorrer do tempo após a queima e de acordo com a freqüência de queimada. A composição avifauna não esteve relacionada com a arquitetura da vegetação, porém a riqueza de espécies de aves esteve, sendo que esta diminui de acordo com a recuperação da vegetação. O fogo pode estar agindo como regulador da vegetação das áreas abertas do Parna Emas e a alteração do regime de queima altera características da vegetação e conseqüentemente da avifauna associada a estas áreas. A exclusão do fogo não é a melhor solução para a conservação biológica da avifauna do Cerrado e as características do regime de queima modelam a comunidade podendo excluir espécies mais sensíveis ou favorecer espécies mais tolerantes.

ASSUNTO(S)

conservation aves ecologia vegetação vegetation birds fogo conservação fire cerrado cerrado

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