Dos atos confessos aos afetos não-ditos: Um olhar sob as múltiplas experiências femininas a partir da análise dos discursos jurídicos, jornalísticos e orais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Mulheres, subjetividades, experimentações. Esse trabalho caminha pela análise das relações de gênero, sexualidade, corpo e subjetividades, delimitando como enfoque precípuo desnaturalizar as representações de feminilidade e masculinidade e a subjetividade modelizada pelos discursos normativos, ao mostrar sua transcendência com base na multiplicidade de experiências, desejos e modos de vida entrelaçados por homens e mulheres da sociedade caicoense, entre as décadas de 1900 a 1945, em Caicó/RN. Para isso, adotou-se uma metodologia dialógica entre as referências bibliográficas, teóricas e as fontes, as quais se constituíram em artigos do Jornal das Moças; processos-crime de defloramentos, abortos, infanticídios e lesões corporais; fontes iconográficas e memórias de caicoenses que viveram na cidade de Caicó/RN durante o recorte temporal trabalhado. Por meio dessas fontes, esse trabalho analisa a construção discursiva do feminino pela Justiça e Jornal das Moças que centrados nos discursos higienistas e normalizadores difundiram estereótipos de feminilidade e masculinidade, as quais acabaram por universalizar as experiências femininas em polaridades e oposições binárias em relação ao masculino, delineando-as enquanto assexuadas, irracionais, anestesiadas para o prazer e biologicamente destinadas ao lar, moldando subjetividades que não criava saídas para os processos de singularização. Essas polaridades, efeitos das práticas reguladoras da sexualidade e do gênero, naturalizaram e legitimaram as representações de namoro, maternidade e honra que embora tenham sido incorporados não passivamente! por homens e mulheres na construção da subjetividade, ainda assim não se sustentaram diante da realidade sócio-cultural e econômica das camadas mais populares. Assim, nesse trabalho emerge uma multiplicidade de mulheres que entrelaçaram relações amorosas informais, mantiveram relações pré-maritais, trabalharam fora de casa, estabeleceram múltiplos arranjos familiares e redes de ajuda, foram mães solteiras sem necessariamente serem consideradas mulheres desonradas pelo seu grupo social, constituíram contratos matrimonias sem centrarem-se no casamento civil, utilizaram beberagens para fazer vir às regras, constituindo múltiplas formas de vivências e experimentações. Essas experiências subjetivas femininas possibilitaram perceber que as representações acerca do corpo, sexualidade, namoro, maternidade e honra dessas mulheres se constituíram enquanto moleculares e particulares. Foram os afetos não-ditos das sexualidades femininas que possibilitaram analisar a construção de subjetividades singulares como um processo aberto, contínuo, ativo, produzindo novos territórios, formas de vida e cartografias do desejo

ASSUNTO(S)

gender representations sexuality experiences corpo subjectivities mulheres sexualidade. representações de gêneros women ciencias sociais subjetividade

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