Quando os (des)afetos “fazem famílias”. Não-ditos, mentiras e fracassos nas trajetórias de migração em Cabo Verde

AUTOR(ES)
FONTE

REMHU, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2020-09

RESUMO

Resumo No presente artigo, pretendo complexificar o que venho chamando de “fazer família à distância” ao refletir sobre os segredos, os não-ditos, as mentiras, as manipulações e os fracassos que permeiam e constituem as relações sociais familiares entre aqueles que emigram e os que ficam. Minha intenção é perguntar o que podemos aprender sobre tais relações quando tomamos como ponto de partida não os laços de trocas, partilha e solidariedade, mas as formidáveis estratégias de manipulação de si e das experiências migratórias. O artigo explora como segredos, mentiras e omissões, alimentam o espaço social migratório no qual se atualizam as relações familiares. Indo além, abordarei como se dão aquelas trajetórias que, supostamente realizadas em prol do bem-estar de todos, muitas vezes levam ao sofrimento, às rupturas e ao abandono. Os dados que apresento são oriundos de pesquisas em duas ilhas, a Ilha da Boa Vista e a ilha de Santiago. Em ambos os casos estudei em contextos urbanos, respectivamente, na Vila de Sal-Rei e na Cidade da Praia (a capital do país).

Documentos Relacionados