Desenvolvimento de snack rico em ferro e vitamina A e intervenção nutricional em crianças com HIV/Aids / Development of an extruded enriched food with iron and vitamin A for nutritional intervention in a HIV/AIDS children population

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

As crianças infectadas por HIV/Aids apresentam desnutrição e deficiências nutricionais, como anemia por deficiência de ferro e hipovitaminose A, causando prejuízo ao crescimento e desenvolvimento e imunodepressão. A fortificação de alimentos é vista como uma estratégia promissora para o combate de deficiências nutricionais. Objetivo: Desenvolver e testar aceitação e eficiência de snack de milho e pulmão bovino, rico em ferro e vitamina, na redução de anemia e hipovitaminose A, em crianças com HIV/Aids. Metodologia: Inicialmente, foi realizado um estudo transversal para caracterização do estado nutricional e alterações hematológicas - anemia e dislipidemias, em 63 crianças, com idade entre 5-10 anos, com HIV/Aids da Unidade de Infectologia do Instituto da Criança - HCFMUSP. Paralelamente, foi desenvolvido o snack rico em ferro e vitamina A, através da extrusão termoplástica, utilizando-se como matérias-primas: grits de milho degerminado e pulmão bovino liofilizado desengordurado (m/m, 90:10), como fonte de ferro heme, altamente biodisponível. A aromatização foi feita com os sabores bacon, cebola e salsa, e morango; neste processo, utilizou-se substituto de gordura e acetato de retinol para fortificação. A aceitação do snack, mediante avaliação sensorial com escala hedônica facial, foi feita por 53 crianças sadias e infectadas por HIV/Aids, com idade entre 2-10 anos, na Associação Civil Anima, SP. A intervenção nutricional ocorreu durante 2 meses; foram oferecidas 3 porções de 30g/semana de snack fortificado a 18 crianças com HIV/Aids, com idade entre 5-10 anos. Para avaliação nutricional, acompanhou-se: consumo alimentar através de recordatório de 24h, peso, altura, hemoglobina, ferro total, ferritina e retinol sérico, no início e no final da intervenção. Resultados: A desnutrição leve, moderada ou grave foi encontrada em 46% dos casos; sendo a maior freqüência no índice E/I, com escore-z de 39,7%, refletindo comprometimento de longa duração (stunting) no crescimento destas crianças. A prevalência de anemia do grupo foi de 19%. Entretanto, entre os tratados com AZT foi de 66%, observando-se associação entre prevalência de anemia e uso de AZT (zidovudina) na terapia anti-retroviral (TARV) (p=0,022). As prevalências de hipercolesterolemia e hipertrigliceridemia, considerando-se valores limítrofes e aumentados, foram respectivamente 53,5 e 51,7%; com observação de maiores freqüências nos grupos com inibidores de protease (IP) na TARV. O snack fortificado desenvolvido forneceu, em cada 100g, 5,07mg de ferro e 780?g RE de vitamina A, representando respectivamente 56% e até 78% das DRIS para crianças com idade entre 7-10 anos. O resultado da avaliação sensorial foi de aproximadamente 80% de aceitação para todos os sabores testados. A intervenção nutricional resultou em aumento da média de hemoglobina de 12,45+1,34g/dL para 12,56+1,33g/dL, sem significância estatística; e aumento do retinol sérico de 0,447+0,124 ?g RE para 0,928+0,415 ?g RE (p<0,01). Conclusão: Além de estudos de prevalência das deficiências nutricionais em grupos vulneráveis, tais como as crianças com HIV/Aids, são relevantes as intervenções nutricionais, pois contribuem como co-fator positivo no tratamento de doenças, através da melhora do estado nutricional do indivíduo.

ASSUNTO(S)

aids deficiência nutricional nutritional deficiency hiv vitamin a vitamina a anaemia anemia hiv aids

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