Da impossibilidade de dizer o mesmo : reflexão sobre a parafrase no discurso de sujeitos afasicos

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O objetivo deste trabalho é refletir sobre a paráfrase, e fazer isso relativamente a um domínio discursivo particular, o de sujeitos afásicos. Tomar este domínio leva a pensar este fenômeno de linguagem numa região considerada como limite. Toma-se para isso a paráfrase, não como classe de equivalência, enquanto mecanismo produtor de identidades estáveis, determinada de acordo com o princípio da comutação, mas sim, enquanto efeito de interrupção, de duplicidade, de réplica, de deslocamento, de trajetos argumentativos, de contradição. Na paráfrase podemos observar como o sentido passa a ser outro, a cada enunciação, através da modificação do processo discursivo. Isso se dá por ser a paráfrase uma atividade metalingüística espontânea do sujeito, uma atividade que põe emjogo a ilusão necessária da transparência da linguagem e a antecipação, como mecanismo que determina o próprio dizer do enunciador. Para uma observação específica do funcionamento paraftástico, analisamos uma seqüência de situação de diálogo entre um sujeito afásico e um investigador. O fato do interlocutor ser um investigador, não torna o enunciado menos natural, porém, cabe esclarecer que geralmente os sujeitos afásicos estão em contato com os terapeutas continuamente, o que torna a interlocução mais "espontânea". A análise partiu da materialidade lingüística e estendeu-se ao intradiscurso. Foram também considerados o mecanismo de antecipação, ou seja, a maneira como o locutor representa as representações de seu interlocutor e vice-versa e a heterogeneidade do discurso, apoiada nos estudos enunciativos, na Análise do Discurso e na Psicanálise. Foi possível constatar que a paráfrase aparece no discurso de sujeitos afásicos deslocando o sentido, a cada nova enunciação, modificando assim, continuamente o processo discursivo. Résumée: L objectif de ce travail et faire cela en relation avec un champ discursive particuliere, celui des sujets aphasiques. Choisir ce champ mene a penser ce phénomene du langage dans une région considérée comme limite. En prenant pour cela Ia paraphrase, nom comme classe d équivalence, en tant que mécanisme producteur d identités stables, déterminée selon le principe de Ia commutation, mais en tant qu effet d interruption, de duplicité, de réplique, de déplacement, de trajets argumentatifs, de contradiction. Dans Ia paraphrase nous pouvons observer comment le sens devient un autre, à chaque énonciation, au travers de Ia modification du proces discursif Cela a lieu parce que Ia paraphrase est une activité metalinguistique spontanée du sujet, une activité qui met en jeu l illusion nécéssaire de Ia transparence du langage et l anticipation, comme mécanisme qui détermine le dire même de l énonciateur. Pour une observation spécifique du fonctionnement paraphrasique, nous avons analysé une séquence de situation de dialogue entre un sujet aphasique et un investigateur. Le fait que le investigateur soit l interlocuteur ne rend pas l énoncé moins artificiel, pourtant il faut noter que les sujets aphasiques sont généralement en contact avec les thérapeutes de maniere continue, ce qui rend l interlocution plus "spontanée". L analyse est partie de Ia matérialité linguistique et s est étendue à l intradiscours. Ont été pris en considération aussi le mécanisme de I anticipation, Ia maniere comme le locuteur représente les représentations de sont interlocuteur et vice versa, et I hétérogénéité du discours, appuyée sur les études énonciatives, I Analyse du Discours et Ia Psychanalyse. Il a été possible de constater que Ia paraphrase apparait dans le discours des sujets aphasiques ent déplaçant le sens, à chaque nouvelle énonciation, modifiant ainsi continuellement le processus discursif.

ASSUNTO(S)

linguagem afasia analise do discurso

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