Contorções do trágico na peça Dorotéia, de Nelson Rodrigues

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2011

RESUMO

Este trabalho busca vislumbrar o trágico na peça Dorotéia (1949), de Nelson Rodrigues, partindo da explanação sobre como tal aspecto se configura como recorrência no teatro rodrigueano. Objetivou-se verificar como se processa essa tragicidade, em relação a uma tradição dramática a qual a peça acolhe e repele, teatralizando as contorções do trágico, que aponta, para além do universo da tragédia, adotando na construção da obra processos de natureza farsesca. Assim, o texto dramático produz dois níveis significativos, a partir dessa montagem teatral, a qual desemboca no caráter metalingüístico da peça. Tivemos como algumas das categorias analíticas, a ação e a caracterização, o espaço e o tempo dramáticos. Como base teórica para nossa pesquisa, que levou em conta elementos de tragicidade considerados à luz das relações entre tradição e modernidade, adotamos uma perspectiva que se apoiou em postulados de Aristóteles (2005), Hegel (1980), Ricoeur (1994), Szondi (2001), Rosenfeld (2008), Luna (2005 e 2008), entre outros. Observou-se uma opção estética pela apropriação de processos que viabilizam uma instrumentalização da tradição clássica, unida a um projeto ficcional não realista, mas que reflete condições sócio-culturais da época de produção da peça. Apesar da complexa estrutura dramática, que coloca no mesmo tempo e espaço, o trágico e o farsesco, o dramático e o épico, mantém-se na sua finalização a unidade da ação, ainda que haja uma lenta progressão dramática, possibilitada pela adoção de traços épicos. Por fim, podemos pensar que o texto é construído para desembocar no efeito catártico, mas camuflado por um riso grotesco, encenando o que temos chamado de Contorções do trágico.

ASSUNTO(S)

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