Consumo de frutas e hortaliças e funcionamento cognitivo em idosos / Fruits and vegetables intake and cognitive function in the elderly

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

INTRODUÇÃO: Os processos oxidativos têm sido implicados no envelhecimento cerebral. O consumo de frutas e hortaliças, fontes de vitaminas antioxidantes, poderia estar relacionado à melhores performances em testes cognitivos e à prevenção do comprometimento cognitivo em idosos. OBJETIVO: Investigar as possíveis associações entre o consumo de frutas e hortaliças, e de vitaminas antioxidantes provenientes destes alimentos, e o funcionamento cognitivo de idosos de baixa renda do município de São Paulo. MÉTODOS: O presente estudo é parte da coorte prospectiva de base populacional São Paulo Ageing &Health Study (SPAH), com idosos com 65 anos ou mais, residentes de áreas pobres do Distrito do Butantã, zona oeste do município de São Paulo. Após identificação, foram conduzidas entrevistas nos domicílios dos participantes, seguindo um protocolo padronizado. O funcionamento cognitivo foi avaliado pelo Community Screening Instrument for Dementia (CSI-D) e o comprometimento cognitivo foi definido como escores cognitivos 1,5 desvios-padrão da média. O consumo de frutas e hortaliças foi estimado pela aplicação das respectivas seções de um Questionário de Freqüência Alimentar (QFA) desenvolvido para população da Região Metropolitana de São Paulo, a partir do qual também foram obtidas as ingestões individuais de carotenóides (alfa e beta-caroteno, licopeno, beta-criptoxantina, luteína/zeaxantina) e vitamina C. Avaliamos as associações entre o consumo de frutas e hortaliças e o funcionamento ou comprometimento cognitivo (sim/não) por modelos de regressão linear múltipla e regressão logística multivariada, respectivamente, em dois momentos diferentes no tempo: na inclusão da coorte (2003-2005) e no seguimento, 2 anos depois (2005-2007). RESULTADOS: Na análise transversal (n=1849), realizada na inclusão do SPAH, o consumo elevado de frutas e hortaliças combinadas (508g/dia) representou um aumento médio de 0,87 pontos (I95%C 0,43- 1,32) no escore de funcionamento cognitivo dos idosos, após o ajuste por potenciais variáveis de confusão. O consumo diário de beta-caroteno dos participantes do maior quartil de consumo (3,2mg/dia) resultou num aumento médio de 1 ponto no escore cognitivo. Idosos que atingiram as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a ingestão diária adequada de frutas e hortaliças combinadas (400g/dia) tiveram um risco 42% menor de apresentar declínio cognitivo. Nas análises de seguimento (n=1428; 17,8% de perdas), consideramos como exposição principal a média do consumo de frutas e hortaliças entre as duas aplicações do QFA e os desfechos foram o escore de funcionamento cognitivo ou o comprometimento cognitivo (sim/não), após 24 meses. As associações que encontramos mantiveram a mesma direção daquelas que observamos nas análises da inclusão, porém, esta tendência não foi significativa. CONCLUSÃO: Embora apenas 19,8% dos participantes tenham atingido as recomendações atuais da OMS para ingestão diária de frutas e hortaliças, nossos resultados apontaram na direção do papel protetor do consumo adequado destes alimentos, e de beta-caroteno, na preservação do funcionamento cognitivo de idosos. Políticas públicas de incentivo ao consumo de frutas e hortaliças no Brasil, com foco em idosos de baixa renda e escolaridade, devem ser instituídas, visando a preservação do funcionamento cognitivo nesta população.

ASSUNTO(S)

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