Comunicação suplementar e/ou alternativa nos transtornos invasivos do desenvolvimento

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

Esse estudo teve como objetivo mostrar a possibilidade de inserir na linguagem, crianças diagnosticadas dentro do quadro de Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID), descritas pelo DSM IV). Adotamos uma perspectiva de linguagem onde o sujeito pode se tornar interlocutor no funcionamento dialógico, utilizando a Comunicação Suplementar e/ou Alternativa (CSA). Na prática fonoaudiológica, pudemos observar que essas crianças podem ter atitudes que demonstram interesse de comunicar algo, através de expressões não orais (como o olhar e gestos). Mas desse modo as interpretações ficavam muito imprecisas, o outro (o interlocutor) encontrava dificuldades e incertezas, deixando a criança frustada, o que muitas vezes gerava comportamentos agressivos. E se fosse dada a essas crianças, com TID, a possibilidade de utilizar uma comunicação não oral, mas verbal, como a CSA? Como ficaria o efeito de uma interpretação mais restrita? Para observar a interação terapêutica com a CSA, foram realizadas filmagens, gravações e anotações de sessões fonoaudiológicas de três crianças, com diagnóstico de TID. Houve também participação da família em algumas terapias. Com um procedimento terapêutico, de busca de interação, procuramos conhecer gostos e brincadeiras desejadas ou não pelas crianças. Com isso, colocamos através de símbolos do PCS (Picture Communication Symbols), possibilidades de escolhas e de dizer algo. No atendimento clínico de crianças autistas pudemos ver que, apresentando a elas os símbolos do sistema PCS, a linguagem pôde aparecer como sendo própria do sujeito, através da interpretação do outro. 2 Observamos, então, a importância da interpretação, do uso dos símbolos, como efeito de restrição, gerando um efeito na criança e no terapeuta. Esse efeito causou mudanças no olhar do terapeuta e da criança, propiciando uma melhor interação comunicativa. Foram criadas, assim, com o uso desses símbolos pelas crianças, situações de interpretações. Com o uso da prancha de comunicação e as atitudes interpretativas de busca de interlocução da terapeuta aumentaram os momentos de contato, de expressão dirigida ao outro. Em contrapartida, os momentos de agressividade e de irritação diminuíram. As crianças passaram a apresentar formas interpretáveis de comunicação, gerando menos frustações. Concluimos então, que a ação conjunta da CSA com a interpretação, dentro de um modelo de terapia dialógica, pode ser um meio de movimentar desejos das crianças com TID, oferecendo a elas uma possibilidade de comunicação

ASSUNTO(S)

fonoaudiologia sistema de comunicação suplementar sistema de comunicação alternativa

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