Comportamento de escape de Emerita brasiliensis (Crustacea, Anomura, Hippidae); Schmitt, 1935 / Escape Behavior of Emerita brasiliensis (Crustacea, Anomura, Hippidae); Schmitt, 1935

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O comportamento de escape é uma estratégia adaptativa da relação predador-presa influenciado pela interação entre as estruturas fisiológicas e abióticas. As praias arenosas são ambientes em constantes mudanças que representam fortes desafios para seus habitantes. Para se adaptar aos estressores, crustáceos desenvolveram diversas estratégias comportamentais. A espécie Emerita brasiliensis, componente importante da macrofauna brasileira, escapa dos predadores e de alguns agentes estressores enterrando-se nas praias. Este estudo tem como objetivo entender e avaliar as adaptações do comportamento de escape e relacioná-la aos desafios físicos, químicos, biológicos e antrópico em E. brasiliensis. A pesquisa foi desenvolvida em duas fases. Nas duas situações a metodologia consistia em coleta dos indivíduos que eram conduzidos a seguir a um aquário teste. Em seguida os indivíduos eram soltos na linha média do aquário, com a porção caudal orientada para a linha de rebentação. Observou-se a latência de soltura-imersão completa. Foram realizadas as mensurações abióticas dos locais de pesquisa e biometria dos animais coletados. Na primeira fase do projeto, realizada na praia urbanizada de Bombinhas (Sul do Brasil), observou-se a variação na abundância e o comportamento de enterrar/escape da espécie após um acidente que resultou na descarga de esgoto urbano na região. Quando comparados, o período anterior (dois dias) e posterior (um dia) ao acidente, houve um substancial aumento na concentração de amônia na água do mar, porém o pH, a temperatura da água, a salinidade e as condições microclimáticas mantiveram-se estáveis. Durante a fase da elevação do nível de amônia, houve uma menor quantidade de animais capturados e de menor tamanho, mas a latência do teste enterrar/escapar, manteve-se inalterada. A segunda fase foi realizada na praia preservada de Siriú e urbanizada de Garopaba. Analisaram-se as diferenças da latência de escape por praias, categorizando por estágios reprodutivos, empregando o mesmo teste, comparando fatores abióticos e bióticos entre os dois locais. Verificamos associados a latência de escape associado a estes fatores abióticos e aos diferentes estágios reprodutivos. Em relação a latência de escape verificou-se que a população de tatuíra foi mais lenta e menor na praia de Garopaba, independente da categoria de estágio reprodutivo. Em relação ao tamanho e estágio reprodutivo verificou-se que os animais maiores enterraram-se mais rapidamente. Fêmeas ovígeras e não-ovígeras apresentaram maior eficiência no comportamento de escape por enterramento. As diferentes estratégias adotadas pelas tatuíras sugere uma capacidade de adaptação limitada e segmentada, em resposta às alterações induzidas pela ação humana no ambiente litorâneo.

ASSUNTO(S)

ciencias biologicas vida selvagem - conservação emerita brasiliensis escape adaptação (biologia) crustáceo animais - comportamento

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