Cladóceros (Crustacea: Anomopoda e Ctenopoda) associados a diferentes hábitats de um lago de águas pretas da Amazônia Central (Lago Tupé, Amazonas, Brasil)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

21/06/2011

RESUMO

Nos últimos anos um grande número de estudos passaram a enfocar a região litorânea dos ambientes dulcícolas, especialmente porque o crescente conhecimento sobre esta região apontam para uma alta produtividade, complexidade de hábitats e nichos ecológicos e alta diversidade. Entre os cladóceros (Crustacea, Anomopoda e Ctenopoda) a maioria das espécies já descritas é exclusivamente bentônica habitando principalmente a região litorânea, porém os estudos enfocando este grupo foram tradicionalmente executados na região limnética, enfocando apenas os organismos planctônicos. Na Bacia Amazônica os registros de cladóceros bentônicos são escassos e poucos estudos deram destaque para este grupo de organismos. Em lagos de água preta, a região litorânea é bastante diferenciada, especialmente pela falta de macrófitas aquáticas flutuantes e pelo alagamento da floresta de igapó e da serapilheira de fundo, o que constitui hábitats diferenciados. No lago Tupé esta diferenciada zona litorânea não é permanente, estando presente apenas durante o período de águas altas, sendo que na seca as margens desse lago são predominantemente arenosas e o lago constitui um sistema tipicamente limnético. O objetivo deste estudo foi determinar a composição, riqueza de espécies e diversidade de cladóceros associados a diferentes hábitats do lago Tupé, e a variação destes atributos ao longo do ciclo hidrológico. Os hábitats examinados foram: região limnética e fundo do lago, bancos da macrófita aquática Utricularia foliosa e a zona litorânea, constituída pela zona da margem e zona da serapilheira. As amostragens foram realizadas nestes hábitats nos meses de abril, junho, setembro, outubro e novembro/08 e fevereiro/09, obtendo-se dados qualitativos e quantitativos. Um total de 76 espécies foram registradas, sendo a maioria (40 espécies) da família Chydoridae. As espécies mais frequentes deste estudo foram Bosminopsis deitersi, Ceriodaphnia cornuta, Ilyocryptus spinifer, Diaphanosoma polyspina, Alonella dadayi, Alonella clathratula, Ephemeroporus barroisi, Bosmina longirostris, Bosmina hagmanni e Alonella n.sp. As maiores riqueza de espécies foram observadas na zona de serapilheira (S=64), nos bancos de utriculária (S=50) e na zona da margem (S=39). Um total de 25 espécies foi observada na região limnética e 16 na região profunda do lago Tupé. De maneira geral, a riqueza de espécies é maior durante o período de águas altas, quando a floresta de igapó estava alagada e os bancos da utriculária eram presentes. As espécies observadas neste período desaparecem do lago e não são observadas durante o período de águas baixas, quando apenas a região limnética e profunda do lago contribuem para a diversidade no local. Foi observado também que com o início de um novo ciclo de inundação, as espécies de cladóceros associadas a zona litorânea e bancos de utriculária se reestabelecem evidenciando a adaptação destes organismos a variação do nível da água provocada pelo pulso de inundação do Rio Amazonas, o qual afeta a disponibilidade de habitat para estes organismos.

ASSUNTO(S)

cladocera. tupé, lago(am) urtricularia foliosa ecologia de comunidades aquáticas ecologia de ecossistemas

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