Distribuição vertical nictemeral de Cladocera (Crustacea: Branchiopoda) no lago Tupé, Rio Negro, Amazonas, Brasil.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Os cladóceros são microcrustáceos, com tamanho variando entre 0,2 e 3,0 mm, habitando preferencialmente ambientes dulcículas, sendo filtradores herbívoros, com curto ciclo de vida, e rápida reprodução. Possuem uma estreita relação com o meio, sendo bastante sensíveis a alterações ambientais. Sua distribuição no ambiente é heterogênea, e estudos sobre sua ecologia demonstraram capacidade de realizar movimentos verticais ao longo da coluna da água. Tais movimentos podem ser motivados pela distribuição de alimento, oxigênio, e também pela presença de predadores. Em ecossistemas neo-tropicais, especialmente na Bacia Amazônia, o fenômeno e as causas deste ainda são desconhecidas. O presente trabalho teve por objetivo estudar a distribuição vertical de Cladocera,no lago Tupé, e sua variação ao longo do ciclo nictemeral durante os períodos de seca e cheia, bem como determinar a biomassa das espécies mais abundantes e suas implicações ecológicas. O lago Tupé é um lago de água preta, do tipo RIA, situado próximo a Manaus e, um canal de comunicação com o Rio Negro condiciona as variações do lago com o ciclo hidrológico do rio. O estudo foi realizado nos períodos de seca (novembro/2005) e cheia (junho/2006), fazendo coletas com rede de plâncton com malha de 55m, em intervalos de 4 horas, ao longo de 24 horas, em cada metro de profundidade da coluna da água. As amostras foram fixadas em formol 6%, e contadas totalmente em câmera de Sedgewick-Rafter, em microscópio óptico. A determinação da biomassa foi feita utilizando o peso seco. Na seca foram registradas 17 espécies, e na cheia 20. As espécies com maior freqüência de ocorrência na seca foram Moina minuta (29,80%); Bosminopsis deitersi (29,21%) e Ceriodaphnia cornuta (18,34%). B. deitersi apresentou uma distribuição heterogênea, com maior abundância em profundidades superiores a 3,0m., e entre as 14 e 22hs. Moina minuta e Ceriodaphnia cornuta não apresentaram padrão claro de distribuição, porém houve um decréscimo acentuado de suas densidades entre as 2 e 6h, associado com uma abundância de Chaoborus sp., importante predador zooplanctônico. Holopedium amazonicum teve suas maiores abundâncias registradas na profundidade de 3,0m, ao longo de grande parte do dia. Na cheia, as espécies com maior ocorrência foram Bosminopsis deitersi (59,22%); Ceriodaphnia cornuta (12,42%) e Diaphanosoma polyspina (11,42%). As maiores densidades de B. deitersi durante a cheia foram registradas às 6h, a 3,5m. D. polyspina registrou maior abundância no mesmo horário, à 5,0m. Ceriodaphnia cornuta não apresentou padrão claro de distribuição. Moina minuta e Holopedium amazonicum foram registrados em valores significativos apenas durante a seca. Entre as variáveis abióticas, apenas a luminosidade aparentou ter maior relação com a distribuição dos organismos, associado principalmente à predação. A biomassa registrada das espécies mais abundantes foi próxima à de outros autores. C. cornuta e M. minuta foram as espécies com maior contribuição para a biomassa na seca. Durante a cheia D. polyspina registrou biomassa total próxima a B. deitersi, mesmo registrando abundância até seis vezes menor. Houve uma diferença na distribuição nictemeral de B. deitersi, relacionado ao seu tamanho corpóreo.

ASSUNTO(S)

zooplâncton distribuição vertical nictemeral águas pretas ecologia de ecossistemas cladocera lago tupé amazônia central

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