Características da comunicação não-verbal entre o enfermeiro e o cego / Characteristics of the non-verbal communication between the nurse and the blind patient

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

Pesquisa sobre as características da comunicação não-verbal entre o enfermeiro e o cego, cujos objetivos são os seguintes: analisar a comunicação não-verbal do enfermeiro com o cego durante a consulta de enfermagem; testar o índice de confiabilidade entre os juízes da análise da comunicação não-verbal; classificar os sinais não-verbais, segundo o referencial de Hall (1986); verificar a associação entre as filmagens e os fatores de comunicação não-verbal; e identificar as barreiras da comunicação não-verbal entre a enfermeira e o cego. Adotou-se uma abordagem exploratória, descritiva, quantitativa, com vistas a fornecer subsídios para a intervenção e, portanto, melhoria na qualidade do atendimento a esta clientela. O estudo foi desenvolvido no período de fevereiro a abril de 2005, em uma unidade de saúde de referência, de nível secundário, na cidade de Fortaleza-CE, com enfermeiras que atendiam a diabéticos, haja vista que a diabetes pode causar várias doenças oculares, como catarata, glaucoma e retinopatia diabética. Previamente, foram contatadas as quatorze enfermeiras da instituição que realizavam consultas de enfermagem a diabéticos. Destas, sete concordaram em participar da pesquisa, mas apenas quatro fizeram parte da amostra. Quanto à seleção dos pacientes diabéticos cegos, foi feita de forma aleatória, respeitando-se os princípios éticos de pesquisa com seres humanos. Constituiu-se, portanto, de pessoas que adquiriram a cegueira em decorrência da diabetes e que iriam ser atendidas pelas enfermeiras que concordaram em participar da pesquisa. Cinco cegos compuseram a amostra. Para a coleta de dados utilizou-se uma câmera filmadora que registrou toda a consulta de enfermagem entre a enfermeira, o cego e o acompanhante. O instrumento de análise dos dados para avaliar a comunicação não-verbal da enfermeira com o cego foi elaborado conforme o referencial teórico de Hall (1986), com ênfase na Teoria Proxêmica, e recebeu a denominação de Comunicação Não-Verbal Enfermeira Cego (CONVENCE). Concomitantemente à coleta de dados, o CONVENCE foi enviado a três juízes para ser analisado. Para a análise das filmagens escolheram-se outros três juízes que concordaram em participar da pesquisa a que foram treinados segundo o referencial proposto. A partir do CONVENCE foram elaboradas cinco categorias, com suas respectivas subcategorias. Categoria 1 - Distância Espacial, com as subcategorias 1.1 - distância, 1.2 - postura, 1.3- eixo, 1.4 - contato. Categoria 2 - Comportamento Social, com as subcategorias: 2.1 - gestos emblemáticos, 2.2 - gestos ilustradores, 2.3 - gestos reguladores. Categoria 3 - Comportamento Facial. Categoria 4 - Código Visual, com as subcategorias: 4.1 - abertura ocular, 4.2 - direção do olhar. Categoria 5 - Volume da Voz. As sessões de treinamento e análise dos dados foram realizadas com todos os juízes presentes na mesma sala e no mesmo horário predeterminado no início da capacitação. As filmagens foram analisadas a cada quinze segundos, totalizando 1.131 análises de comunicação não-verbal. Ao analisar as categorias e subcategorias, os principais resultados observados foram os seguintes. Na categoria 1, a subcategoria distância íntima prevaleceu com 1.030 (91,0%), pelo fato do ambiente onde aconteciam as consultas favorecer, tanto ao profissional quanto ao paciente, adotar quase unicamente esta distância. Nesta categoria, a subcategoria 2 mostrou que a postura sentada, 1.112, (98,3%) obteve quase unanimidade nas imagens analisadas. Quando emissor e receptor mantêm a mesma postura significa que ambos estão em sintonia, partilhando do mesmo ritmo, grau de interesse e movimento. Também nesta categoria, a subcategoria 4, denominada contato, demonstrou que em 943 (83,3%) interações não houve contato. O gesto mais observado na subcategoria gestos emblemáticos foi mover as mãos, com 762 (67,4%). A direção do olhar, subcategoria 4.2, desviado do interlocutor, contabilizou 597 (52,8%) e centrado no interlocutor, 502 (44,4%). Em todas as filmagens, houve interferências consideráveis no momento da interação enfermeiro-paciente. Tal fato foi considerado como barreira à comunicação. O enfermeiro deve-se mostrar interessado durante a interação, e é o olhar sobre o paciente que favorecerá esta atenção na consulta de enfermagem. Conclui-se, de acordo com os dados, que o enfermeiro precisa conhecer e aprofundar os estudos em comunicação não-verbal e adequar o seu uso ao tipo de pacientes assistidos durante as consultas.

ASSUNTO(S)

blindness comunicação não-verbal enfermagem medico-cirurgica enfermagem non-verbal communication nursing portadores de deficiência visual saúde do portador de deficiência ou incapacidade cegueira

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