Berkeley e o papel das hipóteses na filosofia natural
AUTOR(ES)
Chibeni, Silvio Seno
FONTE
Scientiae Studia
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010-09
RESUMO
A questão do estatuto epistemológico das hipóteses que postulam entes e mecanismos inobserváveis tornou-se proeminente com o advento da ciência moderna, no século XVII. Uma das razões para isso é que, por um lado, as novas teorias científicas passaram a empregá-las amplamente na explicação dos fenômenos naturais, enquanto que, por outro lado, a epistemologia empirista, geralmente adotada desde então para a análise da ciência, parecia proscrever seu uso. Neste artigo analisam-se as soluções propostas por George Berkeley para essa tensão. Mostra-se que nos Princípios do conhecimento humano ele introduz uma nova noção de explicação científica, segundo a qual a ciência poderia prescindir de hipóteses sobre inobserváveis, quaisquer que sejam. Depois, para acomodar epistemologicamente a mecânica newtoniana, ele propõe, no De motu, a interpretação instrumentalista das hipóteses sobre forças, que são centrais nessa teoria, considerada por ele "a melhor chave para a ciência natural". Finalmente, em sua obra tardia, Siris, Berkeley envolve-se, de forma aparentemente realista, na discussão e defesa de uma série de hipóteses sobre fluidos inobserváveis. Examina-se brevemente, no final do artigo, a possibilidade de conciliar essa posição com os princípios fundamentais da epistemologia e metafísica de Berkeley.
ASSUNTO(S)
berkeley filosofia natural hipóteses científicas explicações científicas entidades inobserváveis realismo científico empirismo
Documentos Relacionados
- O papel das leituras engajadas em Marxismo e filosofia da linguagem
- O papel do perspectivismo na filosofia de Nietzsche.
- O PAPEL DO CETICISMO NA FILOSOFIA DO JOVEM HEGEL
- O mecanicismo em questão: o magnetismo na filosofia natural cartesiana
- Natureza humana e moralidade : sobre o lugar e o papel da antropologia na filosofia moral de Kant