Âzê Sikutõri para não esquecer: a oralidade e o conhecimento da escrita / Âzê Sikutõri not to forget: the orality and the knowledge of the writing

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Escrever essa tese me leva às lembranças que a memória seleciona com solicitude. Saber usá-las, me faz refletir sobre a alegria de conviver novamente com o povo Akwẽ. São os Wawẽ (velhos) e as Aikte (crianças), tudo que se completa que alimenta a pesquisa para compreender o elo entre a oralidade vivida e o conhecimento da escrita. Assim, me proponho a pensar um diálogo nessa ambiguidade de sentimentos, onde a educação oral indígena se encontra com a educação escolar e a prática da escrita o novo desafio que se transforma em instrumento de defesa das lutas dos povos indígenas. A educação escolar, imposta ao povo Akwẽ, desde o princípio nos aldeamentos indígenas, no período colonial no Brasil, são paradigmas de um processo que se estendeu durante muito tempo, onde a escola foi uma tentativa de integração e submissão e hoje a escola permitida e assumida pelos Akwẽ, parte importante do processo de sobrevivência e permanência na sociedade nacional. A educação escolar bilíngüe encontra os caminhos das escolas nas aldeias enquanto a educação oral tradicional, representada na cosmologia é conduzida pela memória, os pequenos se encontram nessa nova concepção de vida, onde o desafio é manter a tradição oral e avançar no conhecimento da escola, da escrita do mundo, pois o povo se manifesta em sua dinâmica pela manutenção da reserva cultural e da identificação. Os sentimentos análogos e fortes em relação à permissão da escolaridade e à introdução da escrita são premissas para entender os sentimentos do povo Akwẽ, diante do novo. Direcionei a pesquisa para compreender essa educação escolar, partindo da educação oral tradicional, dentro do universo cosmológico do povo Akwẽ e a necessidade dos novos conhecimentos, para isso, delimitei o estudo escolhendo três aldeias, como espaço da pesquisa. Nrozawi, Ktẽ ka kã, e Sakrêpra, que são as aldeias antigas e permanentes na reserva. A manifestação da cosmologia Akwẽ na vida cotidiana das aldeias é construída naturalmente na convivência, o que possibilita uma pesquisa que permeia a etnográfica, antropológica e a educacional, e busca o conhecimento do pensamento indígena, sua forma de olhar o mundo e as premissas do que faz a analogia entre a educação tradicional oral e a educação escolar bilíngüe, multicultural e diferenciada. As mudanças advindas do processo de permissão da educação escolar, dentro e fora das aldeias, impõem novos sentimentos à vida do povo, explicadas pela cosmologia Akwẽ, onde existe uma categoria de vislumbrar as origens de si mesmos e de tudo que existe no mundo. Os significados estão na ação de cada gesto, na perspectiva de construir novos rituais para a atuação diante dos desafios da relação interétnica.

ASSUNTO(S)

Índios akwen educação orality writing and cosmology education Índios akwen nomes Índios akwen origem oralidade antropologia educacional linguagem e línguas aspectos sociais escrita e cosmologia educação Índios akwen etnologia Índios akwen ritos e cerimônias antropologia educacional

Documentos Relacionados