Avaliação nutricional em Instituição Geriátrica do Distrito Federal: análise por diferentes instrumentos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O envelhecimento populacional acelerado no Brasil provavelmente aumentará o número de idosos institucionalizados, os quais são considerados vulneráveis do ponto de vista nutricional, uma vez que com o avançar da idade são comuns ocorrências inerentes à esse processo, como alterações metabólicas, fisiológicas, anatômicas e psicossociais. Além disso, contribui para o aumento do risco nutricional do idoso a exclusão familiar, a restrição socioeconômica, e muitas vezes, a alimentar. As patologias crônicas e o uso freqüente de múltiplos medicamentos prejudicam o apetite, a digestão e a absorção dos nutrientes, podendo influenciar negativamente a saúde do indivíduo. Nesse contexto, o presente estudo foi desenvolvido em uma Instituição de Longa Permanência com idosos acima de 60 anos (n=37) para conhecer o estado e o risco nutricional por diferentes instrumentos: antropométricos, imunológicos e dietéticos. A avaliação incluiu ainda a análise de fatores associados ao estado nutricional, como presença de enfermidades, uso de medicamentos, estilo de vida pregresso (tabagismo e etilismo) e realização da Mini Avaliação Nutricional (MAN). A média de permanência na instituição foi de 24,27 e 36,68 meses para homens e mulheres, respectivamente. Maior peso e altura foram encontrados em homens, enquanto entre as outras aferições antropométricas apenas a Circunferência de Panturrilha foi superior neste grupo. A freqüência de 36,1% de desnutridos e 16,7% de sobrepeso e obesidade foi verificada quando a Circunferência de Braço foi o instrumento utilizado na avaliação. O Índice de Massa Corporal constatou eutrofia em 46% dos idosos e a mesma prevalência de baixo peso e sobrepeso (27%). O risco de complicações metabólicas, como doenças cardiovasculares, segundo a Circunferência da Cintura, foi estimado em 86,36% de mulheres e 57,14% de homens, no entanto esta diferença não foi significativa. Contudo, quando este mesmo risco foi julgado pela razão entre as circunferências da cintura e do quadril (RCQ) a prevalência de 95,45% foi significativamente maior no grupo de mulheres comparado ao de homens (42,86%). A depleção imunológica foi constatada tanto entre os homens (46,67%), quanto entre as mulheres (66,67%). O estado nutricional classificado pela MAN apontou que aproximadamente 46% dos idosos estavam em risco de desnutrição (50% das mulheres e 40% dos homens) e 30% desnutridos (32% das mulheres e 27% dos homens). A presença de polifarmácia foi observada na população, isto é, uso médio de 4,5 tipos e freqüência de 5,95 de medicamentos por dia. O risco nutricional foi estimado em 83,8% dos idosos quando o critério utilizado foi o da presença de inadequação em pelo menos um dos índices antropométricos, prevalência esta sem diferença significativa do diagnóstico obtido com teste MAN (75,7%). Considerando o consumo alimentar, pesagem direta em 3 dias, foi constatado que 40% dos idosos consumiam abaixo da recomendação calórica e 34,3% abaixo do Gasto Energético Total individualizado, contudo todos os participantes do estudo ingeriam macronutrientes dentro da faixa percentual recomendada, sendo a média diária do consumo de proteínas, lipídios e carboidratos respectivamente, de 14,6 2,33%; 28,11 4,78% e 57,04 5,51% do Valor Energético Total. O consumo de macro e micronutrientes diferiu entre gêneros, maior para o grupo masculino, exceto para a vitamina A, C e cálcio. A inadequação no consumo de zinco e cálcio foi observada em toda população (100%), enquanto 88,6% mostrou baixo consumo de vitamina E e 62,9% baixa ingestão de ferro e vitamina A. Dentre os micronutrientes analisados, apenas o consumo de vitamina C esteve acima da recomendação em todos os idosos. A hipertensão arterial foi a patologia de maior freqüência (45,7%) e dentre os 62,9% que consumiam ferro inadequadamente, apenas 16% eram anêmicos (4 mulheres e 2 homens). Os homens tiveram o maior relato de tabagismo e etilismo pregressos e ainda a freqüência de uso de medicamentos, sendo cerca de 6 por dia. O quadro nutricional demonstrado reflete que a maioria dos idosos apresenta risco nutricional sob o aspecto antropométrico, diferentemente do observado pela análise de consumo energético. Contudo, a presença de inadequação de determinados nutrientes pode ser vista como um alerta de possíveis agravos à saúde desta população, sugerindo a necessidade de uma intervenção nutricional.

ASSUNTO(S)

má nutrição anthropometric idosos institucionalizados nutricao man malnutrition nutritional risk food consumption antropometria consumo alimentar risco nutricional aging institucionalized elderly envelhecimento mna

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