Avaliação diagnóstica do distress : contribuições para rotina de atendimento em serviço de oncologia

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Distress corresponde ao estresse patológico vivenciado em diferentes condições de adoecimento e sofrimento. Em oncologia, é definido como uma experiência emocional desagradável e multifatorial, de natureza psicológica, social e/ou espiritual, que pode interferir na habilidade de lidar efetivamente com o diagnóstico e tratamento de câncer. Há várias décadas, diversos estudos apontam uma alta incidência de distress em pacientes oncológicos, embora ainda seja mal diagnosticado, acarretando prejuízos no plano terapêutico e preventivo, com repercussões no enfrentamento e na adesão ao tratamento. Sendo assim, desde 1997, a National Comprehensive Cancer Network (NCCN) propôs um protocolo denominado Manejo do Distress, com o intuito de oferecer um método de diagnóstico diferencial Termômetro de Distress que propicie uma atuação preventiva na redução ou eliminação de possíveis transtornos psicológicos e psiquiátricos. Tendo em vista tal proposta, o presente estudo teve como objetivo geral subsidiar ações de intervenção e prevenção junto a pacientes com câncer e contribuir para melhor fundamentar a adoção de medidas de avaliação de distress em unidades de tratamento oncológico. Participaram da investigação, 100 pacientes, entre 17 e 86 anos, sendo 39% homens e 61% mulheres, com diferentes diagnósticos de câncer. A coleta de dados foi feita em três etapas do tratamento. No início da quimioterapia, por meio de uma avaliação psicológica, de uma entrevista estruturada sobre estresse e da aplicação dos seguintes instrumentos: Termômetro de Distress (TD), Escala de Ansiedade e Depressão (HAD) e Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL). Já nas etapas de meio e fim de tratamento, foram aplicados apenas o TD, a HAD e o ISSL. Os dados reunidos com a avaliação psicológica e a entrevista estruturada sobre estresse foram analisados com o auxílio do Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 15.0) e do programa Analyse Lexicale par Contexte dun Ensemble de Segments de Texte (ALCESTE). Os resultados obtidos com o TD, a HAD e o ISSL, foram analisados de acordo com critérios previstos pela literatura. A análise qualitativa e quantitativa possibilitou: 1) relacionar o conceito e a reação ao diagnóstico com a história de vida e o traço de personalidade; 2) constatar que a conceituação do termo estresse é mais próxima do senso comum do que da definição científica; 3) verificar que a maior parte dos participantes (82%) apresentou quadro significativo de distress no início da quimioterapia, o qual diminui progressivamente na metade (36,4%) e na última etapa do tratamento (18,2%); 4) validar o TD, cuja correlação com a HAD (instrumento já estabelecido para avaliação de distress) foi de 0,97 (p<0,01), com sensibilidade de 82% e especificidade de 98%; 5) inferir que alguns resultados extraídos do ISSL são sugestivos de falsos positivos e que a escala temporal dificulta a avaliação de alguns sintomas, tendo em vista a tendência das pessoas em enfatizar acontecimentos mais recentes e marcantes. Enfim, a alta incidência de distress evidenciou a necessidade de manejo efetivo das conseqüências emocionais do diagnóstico e tratamento, bem como o interesse clínico de incluir o TD na rotina de atendimento em serviço de oncologia.

ASSUNTO(S)

distress distress estresse avaliação distress thermometer psicologia termômetro de distress evaluation stress psycho-oncology psico-oncologia

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