Atividade antiulcerogenica dos extratos brutos e das frações semipurificadas de Artemisia annua L

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

A Artemisia annua L. (Asteraceae) é originária de regiões de clima temperado da Ásia e tem sido utilizada pela medicina tradicional chinesa há vários séculos no tratamento da malária. Esta atividade é - devida à presença de uma lactona sesquiterpênica na espécie, denominada artemisinina. Outra espécie deste gênero, a Artemisia douglasiana, apresentou atividade antiulcerogênica em modelo de úlcera induzida por etanol, devido à presença da dehidroleucodina, substância também pertencente à classe das lactonas sesquiterpênicas. Portanto, os objetivos deste trabalho foram a avaliação da atividade antiu1cerogênica da Artemisia annua, a determinação de frações e ou princípios ativos e ainda, a sugestão de um provável mecanismo de ação antiulcerogênica. F oram utilizadas, para a obtenção dos extratos brutos (EBs) e frações, as partes aéreas e as raízes da espécie, separadamente. Os extratos brutos de ambas as partes, apresentam atividade antiu1cerogênica equivalente em modelo de úlcera induzida por indometacina, porém o trabalho com as raízes é mais vantajoso, pois estas não apresentam clorofila e graxas, substâncias que dificultam a separação dos princípios ativos e não apresentam interesse farmacológico específico. Os mecanismos de ação antiulcerogênica envolvem os fatores que controlam a secreção ácida ou aqueles que promovem a citoproteção, aumentando a resistência da mucosa contra agentes agressores ou ainda, limitando o acesso destes agentes a ela. A ação antisecretória da Artemisia annua foi avaliada em modelo de ligadura do piloro com e sem o tratamento com histamina, substância de conhecida atividade estimulatória da secreção ácida. O tratamento intraduodenal com o EB diclorometânico das raízes não alterou o volume e a concentração hidrogeniônica do conteúdo gástrico nos grupos de animais tratados e não tratados com a histamina. Alguns extratos e frações foram ativos em modelo de úlcera induzi da por etanol, sugerindo a participação de algum mecanismo citoprotetor. A fração enriquecida em lactonas sesquiterpênicas foi ativa neste modelo quando administrada por via subcutânea, descartando a hipótese de citoproteção adaptativa, um efeito local e inespecífico, no qual substâncias ligeiramente irritantes da mucosa podem desencadear a produção de prostaglandinas. Alguns mecanismos citoprotetores foram avaliados. Entre eles, a participação do óxido nítrico (NO), substância endógena que aumenta a resistência da mucosa por, promover a vasodilatação, aumentando o fluxo sanguíneo local. Em modelo de úlcera induzi da por etanol com administração prévia de L-name, um inibidor da NO sintase, a fração de média polaridade (FPM), obtida da fração enriquecida em lactonas sesquiterpênicas, manteve sua atividade antiulcerogênica, sugerindo que esta atividade não está relacionada com o óxido nítrico. Outra hipótese seria a interferência com os grupos sulfidrila não protéicos da mucosa. Estas substâncias, provavelmente promovem citoproteção por atuarem junto à microvasculatura, diminuindo o aumento da permeabilidade vascular ou ainda por impedir o ataque de radicais livres sobre a mucosa. Para isto, foi utilizado o modelo de úlcera induzida por etanol, com administração prévia de N-etilmaleimida, um alquilante de grupos sulfidrila. Nestas condições, o tratamento oral com o EB diclorometânico das raízes manteve a atividade, sugerindo que estas substâncias também não estão envolvidas no processo de citoproteção. As prostaglandinas são substâncias importantes no processo de citoproteção gástrica, mediando principalmente a produção de muco e bicarbonato. A participação destas substâncias foi avaliada em modelo de úlcera induzi da por etanol, com e sem a administração prévia de indometacina, uma droga antiinflamatória não esteroidal, que inibe a ciclooxigenase, enzima envolvida na síntese de prostaglandinas. Nos grupos que não receberam a indometacina, o EB diclorometânico das raízes e a FPM apresentaram atividade antiulcerogênica, sendo que esta atividade desapareceu quando foi realizado o tratamento prévio com a indometacina. Este resultado sugere que o mecanismo de ação antiulcerogênica do(s) princípio(s) ativo(s) da Artemisia annua está diretamente relacionado com a síntese de prostaglandinas. Esta hipótese foi reforçada quando o muco protetor aderido à mucosa foi quantificado, tendo sido observado um aumento na produção de muco nos grupos de animais tratados com a FPM por via oral

ASSUNTO(S)

plantas medicinais ulcera peptica

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