Atividade antiulcerogenica de extratos e frações obtidas dos escapos das especies Syngonanthus bisulcatus Rul. e Syngonanthus arthrotrichus Silveira em modelos animais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Syngonanthus bisulcatus e Syngonanthus arthrotrichus, espécies pertencentes à família Eriocaulaceae, são encontradas em regiões tropicais na América do Sul e no Brasil, principalmente nos estados da Bahia e Minas Gerais. Este gênero é conhecido popularmente como "sempre vivas". S. bisulcatus e S. arthrotrichus foram investigadas porque os dados quimiotaxonômicos e filogenéticos da família apontavam a presença de flavonóides, que possuem atividades biológicas relevantes. Os extratos etanólicos dessas espécies, nas doses de 50, 100 e 250 mg/kg, e as frações ricas (FRF) e deficientes (FDF) em flavonóides, na dose de 100 mg/kg via oral, foram estudadas em modelos de úlceras induzidas agudamente (HCl/etanol, etanol, estresse, indometacina/betanecol e isquemia e reperfusão) e subcronicamente (ácido acético 30%), em camundongos e ratos. A via intraduodenal foi empregada somente para frações no modelo de ligadura do piloro. Tanto extratos, quanto frações, inibiram significativamente as lesões ulcerativas induzidas pelos diferentes agentes. Também foram observadas alterações significantes nos parâmetros bioquímicos da secreção ácida gástrica com redução na concentração total de H+ no suco gástrico com conseqüente elevação do pH. Estes resultados sugeriram atividades anti-secretória e citoprotetora para extratos e frações. O pré-tratamento com as frações FRF de ambas as espécies produziu, no modelo de úlcera por ácido acético, redução na área da lesão por estimulação do processo de cicatrização. Adicionalmente, verificou-se que a atividade antiulcerogênica das frações não está relacionada ao aumento da PGE2; porém, o muco aderido, provavelmente estimulado pelo óxido nítrico, bem como os grupos sulfidrilas protéicos parecem estar envolvidos com a atividade citoprotetora de FRF, de FDF ou de ambas, dependendo do mecanismo de ação investigado. Animais tratados com as FRF das espécies em estudo e submetidos à indução de úlcera por etanol tiveram aumento significativo dos níveis séricos do hormônio somatostatina e redução no de gastrina. As FRF, estudadas em ratos submetidos à isquemia e reperfusão, produziram diminuição do número de lesões, indicando atividade antioxidante verificada através da redução da peroxidação lipídica e aumento dos níveis de grupamentos tióis totais. Por último, experimentos de citotoxicidade demonstraram que as frações da S. bisulcatus foram mais citotóxicas do que as frações da S. arthrotrichus em cultura de células V79. Análises cromatográficas e RMN demonstraram que as FRF contém luteolina e luteolina glicosilada para ambas as espécies, além de lutonarina (5,3,4-triidroxi-6-C,7-O-di-B-D-glucopiranosilflavona) e 6-hidroxi-7-O-B-D-glucopiranosilluteolina (5,6,3,4-tetrahidroxi-7-O-B-D-gluco-piranosil) para S. bisulcatus. Para a S. arthrotrichus, foram isoladas ainda apigenina e uteolina-6-C--D-glucopiranosideo. O conjunto de dados permite concluir que a atividade antiulcerogênica dos extratos e frações da S. bisulcatus e S. arthrotrichus está relacionada à atividade anti-secretória, citoprotetora e antioxidante dos flavonóides existentes nessas espécies.

ASSUNTO(S)

ulcera flavonoides antioxidantes

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