Atitudes e concepções lingüísticas e sua relação com as práticas sociais de professores em comunidades bilíngües alemão-português do Rio Grande do Sul
AUTOR(ES)
Schneider, Maria Nilse
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
Este estudo investiga atitudes e concepções lingüísticas (crenças e preconceitos lingüísticos) e sua relação com as práticas sociais de professores em três comunidades bilíngües alemãoportuguês do Rio Grande do Sul. Primeiramente, descreve o repertório lingüístico, a dinâmica das competências lingüísticas na dimensão diageracional e a manutenção do Hunsrückisch (HR) na 5ª geração para fundamentar a discussão nos contextos sócio-histórico, sociolingüístico e cultural dessas comunidades. Depois, discute as atitudes e concepções lingüísticas em relação: à alternância de HR e português; à proibição e ao uso de alemão em aula; ao “sotaque alemão” (as (des)sonorizações de consoantes e a neutralização da vibrante). Por fim, analisa como as concepções de seis professoras se refletem no tratamento que conferem a esses traços de fala e ao uso de alemão na interação face a face. Este estudo insere-se na área da Sociolingüística, especificamente, nos estudos de bilingüismo, política lingüística e especialmente de atitudes e concepções lingüísticas. De acordo com essa tradição, a variação lingüística não pode ser explicada apenas através de fatores sociais e situacionais; devem-se incluir as normas, os valores e os modelos de prestígio na comunidade. Este estudo também se insere na Sociolingüística Interacional. De acordo com a tradição dessa área de estudos, os participantes estão continuamente negociando papéis sociais de falantes e ouvintes e introduzindo alinhamentos e pistas de contextualização, que os orientam sobre as possibilidades de interpretação e co-construção dos contextos e sobre o que está acontecendo na inter-ação social. Este estudo combina instrumentos e categorias de análise das abordagens quantitativa e qualitativa a partir do discurso didático-pedagógico e das práticas sociais dos professores. Os resultados, demonstrados através de gráficos, tabelas estatísticas e da análise de excertos de entrevistas e de interação social, evidenciam um alto grau de manutenção do HR e conflitos identitários e educacionais, os quais se refletem nas atitudes de solidariedade e de distinção lingüística e nas práticas sociais dos professores, em relação à valoração e ao tratamento conferido às variedades lingüísticas e aos traços de fala dessas comunidades e ao uso de alemão em aula. Suas práticas sociais ora acentuam a assimetria na relação professor-aluno e ora revelam uma pedagogia culturalmente sensível. Evidenciam ainda que as atitudes e concepções lingüísticas são dinâmicas, mutáveis, socialmente geradas e aprendidas e, muitas vezes, contraditórias, e que elas são movidas, primordialmente, pelas experiências e crenças dos indivíduos (culturalmente motivadas e condicionadas ao sistema de valores acordado pelos membros da sociedade e/ou de grupos sociais) e pela interação social, pois elas são co-construídas e atualizadas a partir e dentro de contextos sociais.
ASSUNTO(S)
rio grande do sul lingüística aplicada sprachattitüden und spracheinstellungen bilingualismus sociolingüística sprachpolitik bilingüismo língua portuguesa spracherhalt soziale interaktion língua alemã linguistic attitudes and conceptions bilingualism linguistic policy linguistic maintenance social interaction
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/10183/13098Documentos Relacionados
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