Análise da distribuição espacial da tuberculose no Distrito Federal, 2003-2007

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

A tuberculose (TB) é historicamente um importante problema de saúde pública no mundo. No Brasil constitui uma ameaça à saúde da população, sendo que áreas de extrema pobreza ou de pouco acesso a serviços de saúde apresentam um aumento da incidencia. Por tanto, compreender sua distribuição em um território e seus determinantes é essencial para gerir um sistema de saúde com ações equitativas, visando diminuir as iniqüidades com a oferta de serviços de saúde. Objetivo Estudar a distribuição espacial da TB no Distrito Federal (DF), no período de 2003 a 2007 e identificar áreas de risco de adoecimento e possíveis determinantes sócio-econômicos. Métodos Estudo exploratório em que foram utilizados dados sobre incidência de TB coletados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), após processo de depuração de registros repetidos. Os coeficientes de incidência foram calculados segundo Região Administrativa (RA), grupo etário, sexo, forma clínica e situação de encerramento. A análise espacial baseou-se em técnicas exploratórias, utilizando o estimador Kernel para a visualização de áreas de maior densidade das residências de casos de TB. Foi investigada a dependência espacial dos Coeficientes de Incidência Médios (CIM) de TB pelo Índice de Moran. Para avaliar possíveis associações lineares entre o CIM e as variáveis socioeconômicas foi realizada uma análise de correlação e regressão linear com a construção de um Índice de Condições de Vida (ICV). Foram georrefrenciada a localização de Unidades de Saúde (US) do DF e as áreas de abrangência do Programa Saúde da Família (PSF) para o ano 2004. Resultados A análise descritiva da situação da TB detectou que o coeficiente de incidência no período foi de 18,4 casos para cada 100 mil habitantes, com 2.052 casos novos notificados. Desses, 71% eram de TB pulmonar e 40,1% tinham baciloscopia positiva. As regiões administrativas que contribuíram com o maior percentual de casos foram: Ceilândia (14,8%), Taguatinga (8,5%), Brasília (7,9%), Samambaia (7,1%) e Planaltina (6,6%). Entretanto, os maiores coeficientes de incidência médios (CIM) para o período apresentaram-se em São Sebastião, Varjão, Riacho Fundo II, Park Way e Estrutural (34,7; 26,1; 24,8; 21,5 e 20,2 casos / 100 mil hab., respectivamente). O critério de encerramento cura foi registrado em 76,5% dos casos. A sorologia para HIV foi realizada em 464 casos e foi positiva em 8,6%. Na xi análise espacial foi possível identificar áreas de adensamento de casos nas diferentes RAs para cada variável, sendo que houve maiores densidades na RA da Ceilândia (a área de maior população) e em São Sebastião, onde se encontra o Centro Penitenciário do DF (a Papuda) motivo pelo qual foi excluído. Os dados sugerem que a transmissão se dá em nível de distância peridomiciliar. Os índices de Moran não mostraram efeito de cluster. Foi observado que a sobreposição de USs, áreas de abrangência do PSF e casos incidentes não mostram coincidência espacial. Há uma correlação entre escolaridade e CIM, e entre o ICV e CIM. Conclusões. O DF não é heterogêneo em relação a sua distribuição espacial da incidência; apresentam concentrações nas cidades do Sudoeste do DF (Ceilândia, Samambaia e adjacências), há múltiplos focos provavelmente explicados pela história do povoamento. Alguns indicadores operacionais do controle da TB são melhores que no país como um todo. Contudo, para alcançar a meta de 85% de cura para casos são necessários esforços adicionais na atenção básica. A geração e qualidade de dados devem melhorar para atualizar bases cartográficas de modo a identificar micro-áreas prioritárias e carentes.

ASSUNTO(S)

incidence epidemiological surveillance vigilância epidemiológica spatial analysis análise espacial ciencias da saude tuberculosis incidência tuberculose

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