Acúmulo de manganês em plantios de eucalipto e sua relação com a "seca de ponteiros do eucalipto do Vale do Rio Doce"

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Ciênc. Solo

DATA DE PUBLICAÇÃO

2014-02

RESUMO

A Seca de Ponteiros do Eucalipto do Vale do Rio Doce (SPEVRD) é uma anomalia que leva à redução do crescimento e, em casos mais extremos, à morte dessa cultura. Inicialmente diagnosticada em plantios localizados na região do Vale do Rio Doce, no Estado de Minas Gerais, Brasil, esse problema também tem sido encontrado em plantios localizados em outras regiões do País e, até mesmo, em outros países. Apesar de os sintomas dessa anomalia serem bem conhecidos, ainda não existe a compreensão das causas desses. O objetivo deste trabalho foi avaliar a relação causa-efeito entre o acúmulo de manganês (Mn) em clones de eucalipto e a SPEVRD. A caracterização do ambiente em áreas de maior ocorrência do problema quanto a solo, clima e flutuação do lençol freático foi realizada em plantios de eucalipto da Empresa Celulose Nipo-brasileira S.A. - Cenibra, na região do Vale do Rio Doce. Foram amostrados tecidos de plantas em duas situações. Na primeira, a diagnose aconteceu na fase inicial da anomalia em clones de tolerância diferenciada do problema; e, na segunda, a diagnose foi realizada em um único clone, considerado sensível, em duas épocas, na fase com a presença de sintomas fortes e na de recuperação, em áreas de ocorrência e de escape do problema. O clone mais sensível à SPEVRD apresentou teores de Mn nas folhas bem mais elevados (4,8 vezes maior) do que clones mais tolerantes. Em plantas com a anomalia, os teores foliares de Mn foram superiores a 3.070 mg kg-1, bem maiores do que o valor encontrado naquelas sem anomalia (734 mg kg-1). No período em que os sintomas começam a desaparecer, há queda acentuada nos teores foliares de Mn, passando de 2.194 para 847 mg kg-1. O conteúdo de Mn na parte aérea e serapilheira (44,4 g ha-1) na área de ocorrência da anomalia foi três vezes maior ao encontrado nesses mesmos componentes (14,1 g ha-1), na área de ausência do sintoma. A partir das evidências encontradas como a existência de condições ambientais que favorecem elevada disponibilidade de Mn para as plantas nas áreas de maior incidência da SPEVRD, a maior absorção de Mn em clones sensíveis e em plantas com sintomas, e um sincronismo entre a intensidade dos sintomas da SPEVRD e os teores foliares de Mn, pode-se inferir que o excesso temporário de Mn nas plantas de eucalipto está intimamente relacionado à SPEVRD.

ASSUNTO(S)

hipoxia lençol freático potencial redox

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