A violência no contexto de um serviço de urgência: análise do processo de cuidar na visão das vítimas e profissionais de saúde em Natal/RN

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Estudo exploratório descritivo, com abordagem quantitativa e dados prospectivos, realizado no Pronto Socorro Clóvis Sarinho (PSCS), em Natal/RN, com vistas a analisar o cuidado prestado pela equipe de enfermagem e médica, às vítimas de violência atendidas em um hospital de urgência em Natal/RN; identificar na visão das vítimas o cuidado prestado pela equipe de enfermagem e médica; comparar os dados observados durante o processo de cuidar com a visão da vítima sobre o cuidado prestado pela equipe de enfermagem e médica; identificar o conhecimento existente sobre violência e o processo de cuidar às vítimas e sua relação com o preconceito; identificar os obstáculos e as perspectivas de prevenção durante o processo de cuidar às vítimas nos serviços de urgência. A população constou de 97 médicos, 16 enfermeiros, 75 técnicos e auxiliares de enfermagem e 365 vítimas de violência, com dados coletados de abril a maio de 2009. Dos 188 profissionais, 52,1% são do sexo feminino; 32% tinham entre 41 e 50 anos; 99,5% haviam cuidado de alguma vítima de violência; 90,4% afirmaram já ter cuidado de paciente custodiado; dentre estes, 17,3% sentiram preconceito; 55,3% afirmaram que não cuidam de uma vítima agredida diferente de uma agressora, porém 44,7% afirmaram que sim; 86,7% acham seu local de trabalho inseguro; 61,7% negaram a existência de algum obstáculo e 38,3% afirmaram a existência de obstáculo; dentre estes, 26,1% referiram-se ao espaço físico inadequado; 37,8% acham que o reforço na segurança e a capacitação dos profissionais, são as principais soluções. Das 365 vítimas de violência pesquisadas, 82,2% foram agredidas; do sexo masculino (69,6%); tinham entre 18 a 24 anos de idade (24,9%); procedentes da Grande Natal (89,9%); em 19,7% o evento ocorreu no sábado; no horário noturno (48,8%); vítima de agressão física (61,4%); produzida por força corporal (27,7%); 24,4% sofreram lesões na cabeça e pescoço; 57% haviam usado alguma droga, destes, predominando o álcool (75%). Das 621 observações feitas durante o processo de cuidar das vítimas, quando comparadas ao relato das vítimas agredidas, houve diferença estatística, ao nível de significância de 5%, em relação ao acolhimento, presença de resistência por parte dos profissionais, questionamento sobre o evento violento, fornecimento de orientações, interação com o paciente e entendimento de ser bem atendido, e resolutividade do atendimento. Nas comparações entre o observado e o relato das vítimas agressoras, houve diferença estatística, quanto à presença de resistência por parte dos profissionais, realização dos procedimentos necessários e quanto a interação com o paciente e entendimento de ser bem atendido e 58,1% das vítimas relataram que a equipe de enfermagem foi a que melhor atendeu. Concluímos que os profissionais já haviam cuidado de pacientes agressores, reconhecem a importância de conhecer como se deu o evento e adquiriram esse preparo em suas práticas. O cuidado durante as observações e no relato das vítimas, este sofre interferência dos sentimentos de medo ou preconceito em relação as vítimas agressoras e isto foi percebido por elas. Os obstáculos mais referidos que dificultam a assistência, foram: o espaço físico inadequado, o déficit de materiais e o despreparo dos profissionais. Como soluções desses problemas, citaram o reforço na segurança e capacitação dos profissionais

ASSUNTO(S)

enfermagem violência serviço hospitalar de emergência profissional de saúde assistência ao paciente violence emergency hospital system health professional patient assistance

Documentos Relacionados