A singularidade na escrita tradutora : linguagem e subjetividade nos estudos da tradução, na linguistica e na psicanalise

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

Esta tese propõe-se a formular, com base na psicanálise, uma concepção da escrita tradutora que leve em conta o inconsciente, assim deslocando as velhas noções de "tradução literal" e 1radução criativa". Tal deslocamento, operado com o reconhecimento de um real desejo que é inacessível mas estruturante, dá-se no sentido de situar aquelas noções no campo do imaginário, tanto científico quanto leigo. Frutos da necessidade imaginária do Um, isto é, da identidade e da completude, a literalidade e a criatividade pressupõem uma visão de língua que ou atribui a esta uma dimensão de transcendência que exclui o falante, ou a reifica e transforma em mero objeto de manipulação por uma subjetividade livre e dominadora. O Curso de lingüistica geral, em sua leitura mais tradicional e predominante nos estudos modernos da tradução, é tomado como expressão teórica daquelas duas formas de conceber a relação entre linguagem e sujeito. Esse mesmo Curso, através de sua leitura por Jacques Lacan, vem inspirar uma interseção com a obra de Sigmund Freud que resulta na principal base epistemológica do presente trabalho. Das propostas teóricas desenvolvidas contemporaneamente acerca da tradução, é analisada a teoria da (in)visibilidade do tradutor, de Lawrence Venuti, como exemplo de uma investigação que se quer pós-estruturalista, mas que preserva a mesma dicotomia identificada no par langue/parole. De base marxista, essa teoria não supera a lógica do senhor e do escravo, ressalvado todo o enriquecimento que a consideração da história e da ideologia propicia ao seu campo de pesquisa. Trazer o desejo inconsciente para a reflexão sobre o processo de traduzir não significa apagar as posições imaginárias de um tradutor-servo ou senhor, mas operar o seu enodamento ao real, mostrando que falhas na estrutura simbólica vêm dividir o sujeito entre saber e inconsciente. Sistema lingüístico que rege a todos, a língua é também espaço de constituição ou escrita de singularidades subjetivas. Entrecruzando código e desejo, o propósito maior desta tese, pela via do amor, consiste em contribuir para que os tradutores se separem de determinados significantes aos quais estão presos há muitos séculos

ASSUNTO(S)

linguistica psicanalise tradução e interpretação

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