A racionalidade comunicativa como ágora de processos educativos emancipatórios

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

Este estudo tem como objeto a lógica tecnicista do agir pedagógico, fundamentando-se na racionalidade comunicativa. Considerando esse modelo de razão voltado à utopia da emancipação humana, subsidia-se na Teoria da Ação Comunicativa (TAC) de Jürgen Habermas. Contextualiza as invasões a que os processos educativos estão sujeitos na contemporaneidade, promovidas pelo acoplamento do mundo sistêmico sobre o mundo vivido. Objetivou compreender a dinâmica tecnicista do agir pedagógico, à luz da TAC, partindo da seguinte tese: a lógica do tecnicismo na educação obstrui os ideais da educação emancipatória. Por intermédio do método hermenêutico, buscou referir as possibilidades de emancipação, a partir da racionalização do mundo vivido e de suas três esferas universais: a) cultura, através de processos educativos fundadores de reavaliação de valores morais e éticos pré-estabelecidos; b) sociedade, através de normas consensuais que só se tornam válidas diante de argumentações inteligíveis e sensivelmente dispostas a redefinições; c) personalidade, através de um desenvolvimento cognitivo além do mentalismo, perpassando a evolução de uma consciência moral que elabora estágios de relações intersubjetivos. Como resultado do beco sem saídas da educação, oportuniza pensar o quanto a racionalidade comunicativa tem perdido espaços para a racionalidade instrumental, surgindo diversas patologias sociais. Em razão disso, discute que os canais naturais e públicos dos espaços comunicativos (linguagem como medium) são deteriorados por meio dos veículos interpostos pelos imperativos sistêmicos (dinheiro e poder como artífices) da sociedade capitalista ocidental. Percebe que os efeitos das colonizações da razão instrumental, nas esferas cognitivas, expressivas e normativas, interferem severamente nas formações sociais e comprometem a racionalização do mundo vivido. Assim, as circunstâncias trazidas pelos domínios extranaturais da educação facilitaram a entrada de um conjunto de imposições na escola, desde a regeneração da filosofia do sujeito (hiperindividualismo) até a normatização instrutiva da educação tecnificada. Visando desocultar a gênese das atrofias educacionais, conclui que a racionalidade comunicativa pode ser entendida como uma nova ágora: uma fecunda alternativa para incitar uma reviravolta linguística nas mediações do sujeito, na interação com o outro, com o conhecimento, com as imagens (religiosas e metafísicas) de mundo. Enfatiza que a racionalidade comunicativa pode subsidiar processos educativos muito além das ideologias funcionais e linearmente induzidas pela tecnificação do pensamento, possibilitando o levante reflexivo da razão diante da promoção de uma educação que se coloca aberta à multiplicidade de vozes da racionalidade. Finaliza destacando que, para o fortalecimento do mundo vivido, o paradigma da racionalidade comunicativa propicia o desenvolvimento progressivo da competência humana que, sob o ideário da educação emancipatória, torna-se a utopia a ser buscada como critério para a evolução social.

ASSUNTO(S)

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