A participação política, entre o debate e a visibilidade: um estudo de mídia e cidadania, a partir de Hannah Arendt e Habermas / Political participation, betwen debate and visibility: a study of media and citizenship, from Hannah Arendt and Habermas

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A problemática da participação política, comumente trabalhada na Ciência Política, ganha uma nova abordagem a partir da Comunicação Social. Para tanto, o referencial teórico utilizado no trabalho foram as contribuições de Habermas e Arendt no que diz respeito ao conceito de esfera pública. Nesse sentido, a participação política localiza-se no âmbito da ação comunicativa nos espaços públicos da fala por cidadãos livres e iguais. Os agentes se igualam a partir do pressuposto de que todos têm condição de argumentação, sendo assim, a cidadania é um processo dialógico de construção do espaço público que não apenas tem a função social de pressionar as esferas representativas, mas principalmente, servem como fundamento para as instituições democráticas. O conceito de poder de Arendt recoloca a importância da participação política como condição suficiente para a democracia. A questão agora é saber qual o papel dos meios de comunicação para a construção de uma democracia pautada pela participação cidadã. Em primeiro lugar, o termo meios de comunicação foi substituído pelo conceito de instituições de comunicação, já que as mesmas não se comportam como mero transmissores de conteúdo, mas sim, são atores nas relações sociais, antes de mais nada. Os efeitos atomísticos das instituições de comunicação sobre as pessoas são relativizados na medida em que se leva em conta a importância do processo de interpretação das mensagens midiáticas no ambiente de recepção. Processo tal que se dá muitas vezes nos ambientes familiares, nos lares, na esfera privada. A cidadania passiva, nesse sentido, ocorre no espaço privado, na medida em que todos quando nascem recebem do Estado a condição normativa de cidadãos. A cidadania só vai além do pressuposto normativo quando as pessoas têm posse das informações responsáveis pela mobilização da opinião pública. A formação da vontade geral ocorre não somente nos espaços públicos, mas principalmente na esfera privada em que a mídia televisiva é ainda a principal fonte de informação para os cidadãos. A condição para que a cidadania torna-se ativa, no espaço público da fala, é a recepção. Porém, os cidadãos, enquanto audiência, exercem influência na produção dos conteúdos veiculados pela mídia, através de um processo de conscientização empreendido por atores sociais, como por exemplo, a campanha Quem financia a baixaria é contra a cidadania, empreendida pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados. Por meio da atuação dessas organizações sociais, o cidadão passivo, dentro do seu lar, adquire um critério seletivo que orientará o processo de recepção. Portanto, a participação política tem inicio não somente no espaço público, mas sim, no ambiente privado do lar, durante a recepção dos conteúdos midiáticos. Nesse sentido, a participação política pode desempenhar o papel como categoria chave para se pensar as relações entre mídia e cidadania, ou seja, até onde vai o limite de um e de outro, e de que forma ambas contribuem para uma democracia não somente como regime político, mas como forma de vida social

ASSUNTO(S)

comunicacao esfera pública, participação política, mídia e cidadania public sphere, policital participation, media and citizenship

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