A influência do ciclo menstrual na dor aguda e persistente após colecistectomia laparoscópica

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Anestesiol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2018-06

RESUMO

Resumo Justificativa e objetivos: As flutuações dos hormônios sexuais femininos durante o ciclo menstrual influenciam a percepção da dor. A inibição endógena da dor é prejudicada na fase folicular do ciclo menstrual. Testamos a hipótese primária de que cirurgias em mulheres durante a fase folicular têm mais dor aguda e precisam de mais opioide do que aquelas na fase lútea e a hipótese secundária testada foi que as cirurgias em mulheres durante a fase folicular têm mais dor incisional aos três meses de pós-operatório. Métodos: No total, 127 mulheres adultas submetidas à colecistectomia laparoscópica foram randomizadas para serem operadas durante a fase lútea ou folicular de seus ciclos menstruais. Um regime padronizado para anestesia e tratamento da dor foi administrado a todas as pacientes. A dor e o consumo de analgésico foram avaliados na sala de recuperação pós-anestésica e a cada quatro horas nas primeiras 24 horas. Efeitos adversos foram avaliados a cada quatro horas. Os tempo para ingestão oral e deambulação foram registrados. Dor pós-cirúrgica, ansiedade hospitalar, escala de depressão e questionário SF-12 foram avaliados em visitas feitas no primeiro e terceiro meses. Resultados: Não houve diferença nos escores de dor aguda e no consumo de analgésicos durante o período de 24 horas, Escala Visual Analógica em 24 horas foi de 1,5 ± 1,5 cm para o grupo folicular e 1,4 ± 1,7 cm para o grupo lúteo (p = 0,57). A dor persistente no pós-operatório foi significativamente mais prevalente no primeiro e terceiro mês, com incidência de 33% e 32% nas pacientes em fase folicular versus 16% e 12% na fase lútea, respectivamente. A Escala Visual Analógica no primeiro e terceiro mês foi 1,6 ± 0,7 cm e 1,8 ± 0,8 cm no grupo folicular e 2,7 ± 1,3 cm e 2,9 ± 1,7 cm no grupo lúteo (p = 0,02), respectivamente. Não houve diferença significativa entre os grupos em relação à ansiedade e à depressão, escore SF-12 em ambos os tempos. Náusea foi mais comum no grupo na fase folicular (p = 0,01) e o tempo para alimentação oral foi menor na fase folicular (5,9 ± 0,9 horas) do que na fase lútea (6,8 ± 1,9 horas, p = 0,02). Conclusões: Embora a dor persistente no pós-operatório tenha sido significativamente mais prevalente no primeiro e no terceiro mês após a cirurgia, a magnitude da dor foi baixa. Nossos resultados não apoiam o agendamento de cirurgias tendo como alvo fases específicas do ciclo menstrual.

ASSUNTO(S)

ciclo menstrual dor aguda dor crônica colecistectomia laparoscopia dor pós-operatória

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