Risco de infecção do sítio cirúrgico após colecistectomia laparoscópica comparado ao risco após colecistectomia laparotômica

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Introdução: existem poucos estudos comparativos com controles concorrentes avaliando o risco de infecção do sítio cirúrgico (ISC) em pacientes submetidos a colecistectomia laparoscópica (CL) ou laparotômica (CC). Objetivos: avaliar o impacto da via de abordagem e a contribuição das variáveis do componente cirúrgico NNIS (National Nosocomial Infections Surveillance) no risco global de ISC, infecção incisional e infecção de órgão/cavidade em pacientes colecistectomizados. Métodos: foi conduzido estudo de coorte histórica utilizando dados coletados entre janeiro de 1993 e maio de 2006 em cinco instituições de saúde (hospitais daqui em frente) de Belo Horizonte, Nova Lima e Contagem. Os hospitais participantes eram privados, de média ou alta complexidade e não universitários. A variável dependente foi o desenvolvimento de ISC até 30 dias após a cirurgia. As definições propostas pelos CDC (Centers for Disease Control and Prevention) em 1992 foram adotadas como critérios de definição de ISC. As ISC foram identificadas de forma prospectiva, tanto durante a permanência hospitalar do paciente quanto após a alta hospitalar. A variável de exposição foi a abordagem cirúrgica utilizada (i.e., laparoscópica vs. laparotômica). As variáveis independentes foram a idade e o sexo do paciente, o grau de contaminação do sítio cirúrgico, o estado físico do paciente segundo escore da American Society of Anesthesiologists (ASA), a duração do procedimento, a natureza da cirurgia (eletiva vs. urgente), o cirurgião principal, procedimentos adicionais através da mesma incisão, e o hospital e o ano (<2000 vs. >2000) da operação. A contribuição independente de cada variável na ocorrência de ISC foi avaliada utilizando-se análise de regressão logística binária. Resultados: 6.162 pacientes foram elegíveis, e dados completos estiveram disponíveis para 5.848 (94,9%) pacientes. A idade média + desvio padrão foi de 48,7 + 14,7 anos, e a razão de mulheres para homens foi 2,2:1; 59% das colecistectomias foram laparoscópicas. Em relação aos pacientes operados por laparotomia, os pacientes submetidos a CL foram mais jovens. As CL tiveram menor duração, porém neste grupo houve menor proporção de pacientes com escore da ASA >3, de procedimentos urgentes, contaminados ou infectados, ou de procedimentos adicionais através da mesma incisão. Em pacientes submetidos a CL, a incidência global de ISC foi de 3,7% (IC 95%= 2,9-4,7%) [3,4% (IC 95%= 2,6-4,3%) para infecção incisional e 0,3% (IC 95%= 0,1-0,7%) para infecção de órgão/cavidade]. Para ambas as abordagens, a maior parte das infecções (>80%) acometeu a parede abdominal. A contribuição independente das variáveis do componente cirúrgico NNIS no risco de ISC variou com a profundidade da infecção. Após o controle por outros fatores significativos, a chance global de ISC (OR= 0,62; IC 95%= 0,46-0,84) e de infecção incisional (OR= 0,56; IC 95%= 0,41-0,79) foi menor em pacientes submetidos a CL em relação aos submetidos a CC. Contrariamente, nenhuma diferença significativa na chance de desenvolvimento de infecção de órgão/cavidade foi demonstrada. Conclusões: comparada à CC, a CL está associada com menor risco global de ISC e de infecção incisional, mas não de infecção de órgão/cavidade. As variáveis do componente cirúrgico NNIS contribuíram de forma variável no risco de ISC.

ASSUNTO(S)

procedimentos cirúrgicos minimamente invasivos decs. fatores de risco decs. estudos de coortes decs. medicina tropical teses. infecção da ferida operatória/epidemiologia decs. abscesso abdominal/epidemiologia decs. infecção hospitalar/epidemiologia decs. alta do paciente decs. hospitais privados decs. estudo comparativo decs. colecistectomia laparoscópica decs. colecistectomia/métodos decs. seguimentos decs.

Documentos Relacionados