A gastrostomia percutânea endoscópica na paliação nutricional do câncer do esôfago proximal sem possibilidade de colocação de prótese
AUTOR(ES)
Grilo, Ana, Santos, Carla Adriana, Fonseca, Jorge
FONTE
Arq. Gastroenterol.
DATA DE PUBLICAÇÃO
2012-09
RESUMO
CONTEXTO: O câncer do esôfago é frequentemente diagnosticado num estádio avançado, com mau prognóstico. A maioria dos pacientes com câncer avançado do esôfago sofre de disfagia que contribui para a desnutrição e perda de peso. A colocação de endopróteses é uma forma de paliação muito difundida. Contudo, as próteses muito próximas do esfíncter esofágico superior são mal toleradas pelos doentes, não sendo uma opção adequada se o câncer for muito proximal. Habitualmente, as recomendações para gastrostomia percutânea não incluem a paliação nutricional nestes doentes, mas a gastrostomia percutânea endoscópica pode ser a melhor forma de suporte nutricional no câncer avançado. OBJETIVO: Avaliação retrospectiva dos doentes com disfagia por câncer avançado do esôfago em que a gastrostomia percutânea endoscópica foi a forma de paliação nutricional, sem expectativa de retomar a ingestão oral. MÉTODO: Selecionaram-se doentes adultos com câncer irressecável do esôfago, com confirmação histológica e com localização proximal, impedindo a colocação de prótese, com a radioterapia e quimioterapia paliativas, usando a gastrostomia percutânea endoscópica para a nutrição entérica. Avaliaram-se dados clínicos e laboratoriais, incluindo o sucesso da gastrostomia, complicações e sobrevida após a gastrostomia e evolução do índice de massa corporal, albumina, transferrina e colesterol. RESULTADOS: Foram incluídos 17 homens com carcinoma epidermoide no estádio III ou IV, com média de idade de 60,9 anos. A maioria consumia tabaco e bebidas alcoólicas. Todos foram submetidos a radioterapia ou quimioterapia. A gastrostomia endoscópica foi bem-sucedida em todos, embora nove tenham necessitado de dilatação prévia. A maioria foi gastrostomizada nos 2 meses subsequentes ao diagnóstico. Ocorreu uma "buried bumper syndrome", resolvida com substituição do tubo e quatro complicações menores. Não houve implantação de metástases, nem mortalidade associada ao procedimento. Dois doentes foram perdidos e 12 morreram. Três doentes estão vivos 6, 14 e 17 meses após a gastrostomia e ainda estão aumentando a sobrevida média. Os valores médios do índice de massa corporal e da avaliação laboratorial mantiveram-se estáveis 1 e 3 meses após a gastrostomia. CONCLUSÃO: Em pacientes com câncer avançado do esôfago, em que só a terapêutica paliativa é possível, o suporte nutricional é facilmente obtido com gastrostomia percutânea endoscópica, permitindo aos pacientes permanecer em suas casas por um longo período. A nutrição por gastrostomia percutânea endoscópica deveria ser considerada, por rotina, como a opção definitiva para paliação nutricional em pacientes com câncer do esôfago proximal em que a colocação de prótese não é possível.
ASSUNTO(S)
gastrostomia neoplasias esofágicas apoio nutricional
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