Infecção peristomal na gastrostomia endoscópica percutânea: estudo de 297 doentes gastrostomizados ao longo de 7 anos

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Gastroenterol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2012-12

RESUMO

CONTEXTO: As infeções associadas aos cuidados de saúde constituem o mais frequente efeito adverso observado durante a prestação de cuidados de saúde. Os avanços clínicos como a gastrostomia endoscópica percutânea melhoraram a qualidade de vida dos doentes mas trouxeram um risco acrescido de infeções associadas aos cuidados de saúde. Os fatores de risco para a infecção peristomal são pouco conhecidos, mas a profilaxia antibiótica e outras estratégias profiláticas parecem reduzir a infeção peristomal. OBJETIVOS: O objetivo primário foi a avaliação global da taxa de infecção peristomal e a caracterização microbiológica dos agentes infetantes. Foram objetivos secundários a avaliação do protocolo de profilaxia antibiótica utilizado e a identificação de potenciais fatores de risco para a infeção peristomal. MÉTODO: Estudo retrospetivo em doentes submetidos a gastrostomia endoscópica entre janeiro de 2004 e setembro de 2010. Os doentes receberam profilaxia antibiótica com cefazolina antes do procedimento. Os processos clínicos foram revistos obtendo-se os dados demográficos, diagnóstico da doença subjacente e potenciais fatores de risco para infeção. A análise estatística foi feita com recurso ao programa SPSS 17.0. RESULTADOS: Foram gastrostomizados 297 doentes adultos. A infeção peristomal afetou 36 doentes (12,1%). O Staphylococcus aureus resistente à metacilina foi o micro-organismo mais frequentemente isolado (33,3%) seguido pela Pseudomonas aeruginosa (30,6%). A incidência de infeção peristomal aumentou progressivamente ao longo dos anos de 4,65% em 2004/2007 até 17,9% em 2008/2010. Este achado foi consistente com o crescimento global da infeção hospitalar. A maioria das infeções peristomais (55,6%) foi identificada nos primeiros 10 dias após a gastrostomia. Não encontramos diferenças significativas na prevalência da infeção peristomal relacionáveis com a idade, índice de massa corporal, sobrevida e duração da nutrição por gastrostomia endoscópica percutânea. Fatores institucionais, como a prevalência global da infeção hospitalar e o caráter endêmico do MRSA, são importantes na infeção peristomal e a profilaxia tradicional com cefazolina não é adequada num contexto de elevada prevalência de micro-organismos resistentes. CONCLUSÕES: A infeção peristomal é um problema frequente e clinicamente significativo que deve ser encarado como infeção associada aos cuidados de saúde. A profilaxia usando cefalosporinas pode não ser adequada e deve ser revista em hospitais e outras instituições com elevada prevalência de micro-organismos resistentes.

ASSUNTO(S)

gastrostomia endoscopia gastrointestinal infeção dos ferimentos staphylococcus aureus antibioticoprofilaxia

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